Dissertações e Teses

DISSERTAÇÕES DE MESTRADO

1ª Turma Mestrado – 1999

  • ANA MARIA DE SANTANA

Título da dissertação: A experiência do usuário como via de re-significação das práticas psicológicas na rede pública de saúde

Resumo: Na assistência psicológica oferecida ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), não é raro, nos trabalhos desenvolvidos com ele, refletir sobre a adequação e a eficácia dos modelos de atuação clínica utilizados para atender à sua demanda. As abordagens teórico-práticas que orientam os procedimentos clínicos na compreensão e na problematização do seu sofrimento, não parecem contemplar, satisfatoriamente, as suas necessidades reveladas no processo da assistência psicológica. Nessa compreensão, este trabalho representa uma iniciativa para articular as referências operacionais que hoje modelizam a ação do psicólogo com a demanda apresentada pelo usuário da Rede Pública Ambulatorial. É uma pesquisa na área de Psicologia Clínica que intenta conhecer, pela abordagem fenomenológica-existencial, a experiência do usuário no que diz respeito à atenção psicológica que lhe é oferecida na instituição pública de saúde. A experiência vivida no contexto da prática, bem como leituras, parecem indicar que o sentido dessa assistência, quando comunicado na relação entre o usuário e o psicólogo, poderá favorecer ações que norteiem o atendimento psicológico à demanda trazida pela população distrital. Mais ainda, o significado sentido do cliente parece entrelaçar-se ao sentido que o próprio terapeuta busca em sua práxis e que, também, lhe serve para configurar o fazer clínico no espaço público Ambulatorial. A pesquisa foi realizada com cinco pacientes da Clínica de Psicologia do Centro de Saúde Agamenon Magalhães, unidade de Ambulatorial da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco. A metodología escolhida para conhecer a experiência do usuário foi a pesquisa qualitativa, amparada no método fenomenológico. A narrativa, contendo os depoimentos, foi a via de registro e de comunicação da experiência do usuário, relacionada ao atendimento psicológico. 0 significado que o usuário está dando às suas experiências relativas ao atendimento psicológico perpassa pelo sentido buscado pelas questões do próprio pesquisador; ou seja, como uma experiência que lhe favorece mudanças na compreensão de si e do outro. 0 sentido da ajuda psicológica também sinaliza uma compreensão de que ela é um meio significativo de lidar com o desamparo frente às dificuldades vividas em cidadania.

Palavras-chave: Práticas psicológicas, Rede pública de saúde mental, Significado/sentido.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=65

 

  • CARMEM LÚCIA BRITO TAVARES BARRETO

Título da dissertação: A psicologia clínica e o mal-estar contemporâneo: impasses e re-significações

Resumo: Este estudo tem como objetivo compreender o mal-estar contemporâneo partindo da experiência clínica. Traduz um verdadeiro testemunho da autora enquanto pesquisadora, psicoterapeuta e supervisora. Parte de inquietações desalojadoras experienciadas na clínica e utiliza como objeto de reflexão teórica a Abordagem Centrada na Pessoa, mais especificamente, a Terapia Centrada no Cliente. Realiza uma leitura crítica da teoria da Terapia Centrada no Cliente, analisando a concepção de ciência e a trajetória conceitual empreendida por Carl Rogers. Partindo dessa analise, aponta para a insuficiência dos conceitos de Tendência Atualizante e Angústia para acolher e dar passagem ao mal-estar contemporâneo, indicando a necessidade de uma outra via de acesso que apreenda a condição fundamental e originária do homem. Por fim, apresenta o conceito de angústia de Heidegger enquanto possível contribuição para fecundar e re-significar a prática clínica. Como resultado do percurso empreendido, a autora revela o momento de trânsito em que se encontra, encaminhando-se para uma clínica psicológica enquanto cuidar (Sorge), vinculada a uma teoria do existir humano que pode ser lida como uma ética de aceitação da finitude, da transitoriedade, e dos conflitos. Tal teoria enseja uma prática clínica, que envolva um ato de criação, como abertura de acolhimento para algo que não se conhece, com disponibilidade para se lançar nas complexidades do ser-aí. Aponta que, apesar de ter encontrado algumas respostas para as inquietações desalojadoras que motivaram o presente estudo, a temática abordada, pela sua complexidade e dinâmica própria, esteve e estará sempre aberta a novos olhares e leituras.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=61

 

  • IARACI FERNANDES ADVÍNCULA

Título da dissertação: Experiências desalojadoras do eu e escuta clínica

Resumo: O objetivo desta Dissertação é explicitar o que são as experiências desalojadoras e em que medida elas ajudam na constituição da escuta clínica. O seu eixo gira em torno da experiência pessoal da autora nos Grandes Grupos Centrados na Pessoa inspirados nos trabalhos desenvolvidos por Carl Rogers e colaboradores. Pensador do Século XX, Rogers é filho dos ideais da Modernidade que colocam o homem no centro do universo como senhor absoluto, sem limites à pretensão de tudo conhecer. Na última década da sua vida, ao partir para os trabalhos com grandes grupos, Rogers começou a descortinar um mundo de múltiplos e complexos fenômenos. Não se sabe, se seria possível, para Rogers, sair das idéias metafísicas da sua concepção de natureza humana e compreender o descentramento que as vivências grupais estavam demandando. Esta pesquisa vai questionar as lógicas representacionais e as identidades impermeáveis que compõem os ideais da Idade Moderna. Apresenta a análise de personagens literários e de casos clínicos no enfrentamento de situações desalojadoras. Produz dados empíricos, através de depoimentos de cinco terapeutas que tiveram experiências em grupos. Terminado o processo investigativo, se conclui que o desenvolvimento da escuta clínica implica em sermos afetados por experiências desalojadoras. É necessária a transformação para podermos possibilitar o processo existencial na sua força criadora. A organização grupal oferece um campo propício para experiências complexas e múltiplas que, de forma contundente, levam ao confronto com experiências incontornáveis e fundamentais para o devir humano, no contraponto do reconhecimento do limite do viver.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=64

 

  • MARIA DA CONCEIÇÃO DE OLIVEIRA TEIXEIRA

Título da dissertação:

Resumo: Esta dissertação procura investigar como a dimensão ética e política da supervisão na pratica clínica vem sendo contemplada pelos supervisores em suas diferentes abordagens. Utilizamos para a compreensão desta problemática relatos orais e escritos que nos permitissem apreender através da experiência dos supervisores a compreensão que têm desta atividade. Chama a atenção, na maioria dos relatos, o hiato existente entre o conhecimento tático e o explícito, bem como a importância de abrigar o conhecimento tácito como possibilidade de re-criação entre teoria-prática. Todo este trabalho apóia-se numa perspectiva fenomenológica e busca contribuir com reflexões e possibilidades de re-pensar a prática da supervisão clínica

Palavras-chave: supervisão, ética, política, conhecimento tácito, conhecimento explícito.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  • MARIA DAS GRAÇAS DINIZ (*)

 

  • MARIA STELLA DUNSHEE DE ABRANCHES

Título da dissertação: “A experiência de psicólogos/artistas”

Resumo: A pluralidade e a complexidade da experiência humana, demandando indagações acerca de articulações possíveis entre a psicologia clínica na contemporaneidade e outros campos do conhecimento, constituem o cenário deste trabalho que busca conhecer e transmitir a experiência de psicólogos/artistas. Partindo da sua própria experiência de cantora e psicóloga clínica, a pesquisadora recorre aos depoimentos de outros psicólogos/artistas para, através deles, investigar algumas articulações possíveis entre esses fazeres. Para alcançar o objetivo proposto, a autora situa a experiência e a sua transmissão, via narrativa, nos trabalhos de Gendlin e Benjamin, a fim de obter o embasamento teórico necessário para validá-las como elemento de produção e transmissão de saber. A seguir, faz um breve relato do papel da narrativa em psicoterapia, na visão pós-moderna apresentada pelos autores Goolishian e Anderson. E, finalmente, após apresentar os depoimentos dos psicólogos/artistas colaboradores, a pesquisadora aprofunda o seu questionamento inicial, correndo ao diálogo entre sua compreensão da experiência dos depoentes e as referências teóricas que lhe auxiliam a encaminhar suas considerações.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=58

 

  • PATRÍCIA WALLERSTEIN GOMES

Título da dissertação: Gestalt-terapia herança em re-vista

Resumo: Este trabalho investiga e discute as possíveis razões que levaram a Gestalt-terapia a ter a imagem de uma abordagem frágil, sem consistência teórica e, portanto, mais fácil de ser exercida, vez que não exigiria do profissional uma capacitação teórica ou a necessidade de estudos mais aprofundados. A autora, definindo-se como herdeira desta abordagem, resgata sua origem e concepção, apontando a importância dos pais, Fritz e Laura Perls, considerando suas crenças, mitos e valores pessoais e a influência, direta ou indireta, destes nos seus legados. Tal busca, referendada e constituída junto ao contexto da época da criação da Gestalt-terapia, objetiva compreender o cenário social e cultural e suas respectivas exigências, com vistas a inserí-la e aos seus conceitos num panorama maior que lhes conceda sentido. A pesquisa contou com entrevistas de três gestalt- terapeutas brasileiros da atualidade, considerados também herdeiros, e, por esta referência, irmãos da autora. Seus depoimentos foram registrados, tendo-se o intuito de, com esse diálogo, observar a compreensão que têm da Gestalt-terapia enquanto corpo teórico, como também suas percepções sobre as possíveis causas para a mal-dição desta abordagem, qual seja sua carência de fundamentação teórica. O estudo aponta ser necessário à formação do gestalt- terapeuta um referencial teórico-prático que revele e considere as influências sofridas pela abordagem, e explicite os construtos e conceitos por ela utilizados. É ainda de fundamental importância que se faça a distinção do que é a Gestalt-terapia daquilo que se constitui como o jeito de ser do seu pai, Fritz Perls.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=62

 

  • SEVERINO RAMOS LIMA DE SOUZA

Título da dissertação: A experiência de adolescentes abandonados e institucionalizados frente ao desligamento institucional

Resumo: Sabemos que muitas das crianças abrigadas em instituições para abandonados, infelizmente, não serão beneficiadas pelos Programas de Colocação em Lar Substituto (guarda, tutela e adoção). Desse modo, passam a viver na instituição até que completem a maioridade quando, inevitavelmente, terão que ser desligadas. Este estudo vem focalizar, portanto, a experiência de adolescentes abandonados e institucionalizados frente ao desligamento institucional, em função da maioridade. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de base fenomenológica onde buscamos trabalhar com depoimentos de jovens que estão vivenciando o processo de desligamento. A partir da perspectiva destes, estabelecemos uma discussão/reflexão em torno do significado/representação do desligamento na vida dos adolescentes e do papel dos educadores no conjunto das práticas institucionais, encaminhando-nos para possíveis alternativas que viabilizem processos de desligamentos mais satisfatórios tanto para os adolescentes quanto para a equipe de profissionais que com eles trabalham.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=56

 

  • WALLACE JOSÉ MEDEIROS RIBEIRO

 

2ª Turma Mestrado – 2000

 

  • DARLINDO FERREIRA DE LIMA
  • MARIA JOSÉ MACIEL VILHENA(*)

 

3ª Turma Mestrado – 2001

  • ADRIANA MARTINS TINOCO

Título da dissertação: A Experiência de Mulheres Abusadas Sexualmente na Infância por Familiares ou Parentes Próximos

Resumo: O presente trabalho propõe-se a compreender a sentido da experiência de mulheres que foram abusadas sexualmente na infância por familiares ou parentes próximos, observando a situação, segundo a Gestalt-terapia, como uma situação incompleta, inacabada. O interesse pelo tema surgiu a partir da escuta profissional, quando percebemos que a incidência desse episódio de violência intrafamiliar não era tão raro, como imaginávamos. Várias dificuldades trazidas por nossas clientes como figura, tinham e traziam como fundo a questão que aqui tentamos trabalhar. Ouvimos mulheres que não faziam parte do universo de nossas clientes, na intenção de evitarmos qualquer influencia anterior. Essas mulheres eram desconhecidas para nós e entre si, tendo apenas o episódio de intercessão. Compreendemos que as participantes após o ocorrido, apresentavam e adquiriam modos de ser e de estar no mundo que hoje são significativos em suas vidas. Percebemos que a busca da saúde , na saída do ciclo (mito) que se instalou pode ocorrer, quando a fala, o comunicar acontece, fechando uma situação e permitindo a abertura de outras. Neste estudo, apenas uma das participantes chegou a esse estágio, as outras, de certo modo, no momento do nosso contato, encontravam-se presas a situação primeira, a situação do abuso. Continuavam guardando um segredo que lhes proporcionavam “novas” situações abusivas.

Palavras-chave: Abuso, violência Intrafamiliar, Gestalt inacabada e Experiência

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  • DIMITRI CARLO GABRIEL DA SILVA

Título da dissertação: Oficina de criatividade: dispositivo para a supervisão: experiência com coordenadores de grupos de idosos

Resumo: Há tempos a Psicologia Clínica vem redimensionando seus campos de atividade, ampliando suas modalidades interventivas e área de atuação. Este fato a tem direcionado para o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre vários aspectos das relações humanas, institucionais, organizacionais, entre outros. Neste trabalho, desenvolveu-se um estudo a partir de uma dessas modalidades que, apesar de muito difundida no meio, ainda carece de mais estudos e sistematizações: a supervisão. Utilizando- nos mais precisamente de Supervisão de Apoio Psicológico, a proposta é vincular uma outra modalidade de prática clínica, a Oficina de Criatividade, para supervisionar coordenadores de grupos de idosos. A Oficina de Criatividade, nesse sentido, é um dispositivo que disponibiliza estratégias específicas para o trabalho de supervisão com esses profissionais. Tanto a supervisão quanto a oficina estão vinculadas com o conceito de aprendizagem experiencial, ou seja, que parte da experiência para constituir-se. Esse conceito proporcionou o vínculo entre psicologia e educação, mais especificamente entre clínica e pedagogia, possibilitando- nos a compreensão de como o processo de supervisão disponibiliza a possibilidade de aprendizado e apropriação do saber I fazer por parte do profissional que se submete a ela, levando em consideração os aspectos afetivos e cognitivos envolvidos como, também, o contexto das relações intersubjetivas que se presentificam tanto na supervisão quanto no trabalho profissional como na vida pessoal.

Palavras-chave: Clínica, oficina, criatividade, supervisão, Aprendizagem experiencial.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=56

 

  • IVANA MAGALY LIMA ALENCAR CARVALHEIRA

Título da dissertação: Re-significando a ação clínica psicológica na assistência à criança queimada

Resumo: Considerando a experiência de aflição da criança queimada hospitalizada, buscou-se pensar, como maior propriedade, sobre os modelos assistenciais clínicos instituídos, disponibilizados no atendimento a sua demanda psicológica. Nessa perspectiva, ao pesquisar sobre o saber/fazer clínico psicológico, revelaram-se múltiplas atitudes, ações, intervenções, orientações, interpretações, possíveis e cabíveis, ao psicológico na relação/cuidado com o sujeito. Lançando como profissional e/ou pesquisador no vasto campo da clínica psicológica , é importante compreender o que facilita ou dificulta uma ação situada. Parte-se de uma compreensão de ação implicada como constituinte no modo de ser humano: sujeito que age. Assim, este trabalho visa, a partir de uma experiência específica, trazer um outro olhar, ressignificando o fazer clínico psicológico no contexto do hospital, à luz da fenomenologia existencial e de dispositivos para a ação clínica psicológica. Recorreu- se à metodologia qualitativa, inspirada na figura do narrador e amparada no método fenomenológico para interpretação. A matéria-prima desta obra consiste em narrativas da experiência do psicólogo/pesquisador e dos interlocutores nos atendimentos, criança e sua mãe, no Centro de Tratamento de Queimados, além de relatos de profissionais dessa mesma equipe de saúde. Ao final, procurou-se uma articulação entre o conhecimento vivido/afetivo e o conhecimento teórico, a partir do diálogo com autores. Vislumbrou-se que a ação psicológica no C.T.Q. situa-se no campo teórico-prático do Aconselhamento Psicológico, como prática clínico- psicológica e educacional, numa dimensão interdisciplinar de ação social clínica. Foram, ainda, evidenciadas peculiaridades da comunicação entre a psicóloga, a criança e sua mãe, compreendidas como utensílios/utilitários facilitadores da intervenção psicológica. Espera-se, com este trabalho, apontar aberturas para ousadias responsáveis na atuação clínica, com implicações para o estudo e prática interdisciplinar.

Palavras-chave: Ressignificar, ação clínica psicológica, experiência, queimadura, Fenomenologia Existencial, Interdisciplinar.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=63

 

  • JOSÉLIA QUINTAS SILVA DE SOUZA

Título da dissertação: Vividação na pele restaurada: limite entre o viver e o morrer do paciente grande queimado e o cuidado da equipe hospitalar

Resumo: O objetivo deste estudo foi refletir sobre o paciente grande queimado na situação-limite em que se encontra, e quais os recursos psicológicos presentes para que ele possa enfrentar, junto com as ações da equipe de saúde, o tratamento necessário. O adoecimento agudo põe este ser/paciente numa situação de (des)continuidade existencial. Desestabiliza-se emocionalmente, pela experiência vivida e pelo seu alto grau de morbidade. Precisa de força para suportar e enfrentar o tratamento e se (re)conhecer em seu sofrimento. Para compreender como essa experiência acontece e que sentido o paciente dá à situação, escolhi uma metodologia de cunho fenomenológico existencial e, através de entrevistas com os pacientes e com os profissionais da equipe, fui percorrendo o caminho que cunhei vividação, articulando-o ao que os estudiosos do “cuidado” podiam me dizer. Ouvindo as narrativas, pude concluir que, nessa experiência, a angústia revela-se, por um lado, pela incerteza e, por outro lado, pela certeza da finitude. Tanto no limite do paciente, quanto no cuidado da equipe hospitalar, ela é uma só. Ouvindo Frankl encontrei o sentido da vividação na coragem, na esperança e na solidariedade, enquanto que à luz de Heidegger, a angústia mobiliza o cuidar de si e o encontrar-se na solicitude, indicando que vividação é ação vívida e percorre a serenidade para manter-se corajosamente sendo.

Palavras-chave: Grande queimado, clínica fenomenológica existencial, situação-limite, cuidado.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=59

 

  • JOSIVALTER SOARES DE BARROS

Título da dissertação: A experiência de ser estagiário na clínica escola de psicologia

Resumo: Com esta dissertação buscamos compreender a experiência de ser estagiário numa Clínica-Escola de Psicologia, considerando que este é um momento difícil, porque atravessado de angustias e incertezas. Ainda que pesquisas relacionadas ao papel do estágio e das Clínicas-escolas de Psicologia venham sendo trabalhadas sob diferentes enforques, parece-nos que a experiência de ser estagiário tem sido pouco explorada, provavelmente evidenciando o pouco cuidado que se tem acerca desta questão. Consideramos a idealização da figura do psicoterapeuta na sociedade, a transição da vida do estudante para a de profissional, procurando estabelecer paralelos da figura do estagiário com a de um “Aprendiz de Herói” e do estagio com um rito de passagem. A partir das narrativas de alunos da Clínica-Escola Manoel de Freitas Limeira, da UNICAP, e sob uma perspectiva fenomenológica existencial, pudemos compreender que o estágio, pode ser experienciado como um rito de passagem, tanto quanto as tarefas a que se dedicam os estagiários, consideradas como rituais necessários à sua iniciação. Dessa perspectiva, parece que, para além dos cuidados dirigidos ao estagiário em supervisão, faz-se necessário reservar um espaço de escuta para as angústias que emergem nesta experiência. Entretanto, se inicialmente pensávamos o estagiário como um “aprendiz de herói”, ao longo deste trabalho fomos levados a percebê-lo como um artesão que constrói uma obra, a ser revista e aperfeiçoada. A nosso ver, ao cuidar do estagiário-artesão, estamos, também, cuidando da clientela para a qual este estagiário se dirige.

Palavras-chave: Clínica-escola; Estágio/Rito; Estagiário/Mito.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

4ª Turma Mestrado – 2002

  • BÁRBARA ELEONORA BEZERRA CABRAL

Título da dissertação: Cartografia de uma ação territorial em saúde transitando pelo Programa Saúde da Família

Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo problematizar as possibilidades de um sentido ético e político para a ação territorial em saúde como intervenção em saúde pública, através do Programa Saúde da Família (PSF), a partir da experiência de profissionais que a exercem. O cenário do estudo em questão, portanto, é o da atenção à saúde, no campo das políticas públicas. Tal investimento justificou- se pela existência de poucos estudos sistematizados em torno deste tema, dada a necessidade de aprofundar uma reflexão sobre a formação profissional para tal intervenção. Contudo, apresentou-se, também, como possibilidade de reflexões sobre a avaliação do PSF. Caracterizou-se como uma pesquisa fenomenológica existencial, em que se lançou mão da metodologia de relatos orais. Os interlocutores foram nove profissionais de saúde pública do município do Cabo de Santo Agostinho-PE, envolvidos na estratégia de ação territorial em saúde a partir do PSF. A escuta das narrativas aconteceu em dois momentos: uma discussão grupal com todos os participantes e uma entrevista individual posterior, proporcionando-se espaço para que os profissionais falassem de sua prática e experiência nesse modo de atuação. A própria metodologia revelou-se promotora de experiência, na medida em que propiciou reflexão sobre a forma de cuidar, gerando sentido para o fazer. Mostrou-se, ainda, como uma possibilidade de cuidar do cuidador. Destaca-se seu caráter interventivo de pesquisa, segundo referenciais da Psicossociologia Clínica. A interpretação das narrativas colhidas apontou aspectos diversos sobre o tema, como: a dissonância entre os objetivos propostos do PSF e a ação real/possível, a importância de repensar os contextos de formação profissional, a necessidade de reflexão em torno do fazer e as dificuldades para a realização de um trabalho efetivamente coletivo, requisito dessa ação territorial em saúde.

Palavras-chave: Ação territorial em saúde, Programa Saúde da Família, experiência na perspectiva fenomenológica existencial.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=43

 

  •  KÁTIA CRISTINA DE OLIVEIRA

Título da Dissertação:

Resumo: O objetivo deste trabalho de dissertação é refletir sobre a possibilidade da prática clínica em organizações sociais, utilizando-se dos grupos de encontros como um recurso ou uma modalidade de intervenção. Neste sentido, o eixo central desta pesquisa gira em torno da minha experiência com grupos em uma organização do trabalho. Os grupos de encontro centrados na pessoa são inspirados no trabalho desenvolvido por Carl Rogers. Estes se constituíram a partir de visões éticas, valores e concepções próprias da sociedade norte-americana e das relações entre seus indivíduos. Associam-se, assim, às situações e problemas históricos que os originaram. Dessa forma, refletir e questionar estes grupos apoiando-se tanto nas narrativas dos participantes que comigo fazem os grupos na organização do trabalho, como na interlocução com a psicossociologia, torna-se parte relevante nesta pesquisa. O apoio teórico utilizado para dar consistência a este trabalho versou não só sobre os grupos de encontro. Procurou-se ainda distinguir labor e trabalho, enfatizando-se as modificações ocorridas ao longo da historia e, a partir dos pressupostos de Dejours, buscou-se evidenciar o sofrimento do trabalhador. Espera-se contribuir tanto para uma re-significação dos grupos de encontro, no sentido de desenvolver as concepções da abordagem centrada na pessoa, como trazer possibilidades para se pensar a clínica nas organizações procurando, através dessa prática, minimizar o sofrimento do trabalhador.

Palavras-chave: grupos, organizações, grupos de encontro, labor, trabalho, psicologia clínica.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  •  LUÍSA MANJORANI CARDOSO

 

  •  MARIA CLÁUDIA PONTUAL PERES

 

  • MARIA DE FÁTIMA MENDONÇA CANEDO

Título da dissertação: A noção de Contato na Contemporaneidade

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo pensar a ação clínica, no âmbito da Psicologia, inspirada na Fenomenologia Existencial. Parte de questionamentos à luz do exercício clínico inicialmente referendado na Gestalt-terapia. Trata, mais especificamente, de inquietações referentes ao uso de “técnicas” a partir de vivencias presentes como caminho para a intervenção clinica. Assim, à luz da Fenomenologia Existencial, problematiza temporalidade e técnica, temas que constituíram as abordagens psicológicas originadas na modernidade, inspiradas numa ética da excelência e da eficácia. Diferentemente da ética da eficácia, a ética da precariedade aponta para a transitoriedade da existência humana, abertura a outros acontecimentos, diferentemente de atos encerrados na vivência do “aqui-agora”, priorizando uma existência sem lembranças e, desse modo, sem história. Assim, a ação do psicólogo é aqui discutida como abertura à “marcha de um mostrar de ver e dizer”, geralmente restrita, ou mesmo impossibilitada, pela fala representacional. Pelo uso de técnicas promotoras do viver imediato, essa fala reduz seu caráter comunicacional, desse modo restringindo ou, até mesmo impedindo, aquela promotora de acontecimentos como abertura a outras direções, conduzindo à mudança de perspectiva de vida. Desse modo, pergunta-se neste trabalho: é possível ressignificar a ação clínica, à luz da Fenomenologia Existencial, tomando como referência a narrativa de situações clínicas?

Palavras-chave: Gestalt-terapia; fenomenologia existencial; ação clínica; ética da precariedade.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

5ª Turma Mestrado – 2003

  • CARLOS FREDERICO DE OLIVEIRA ALVES

Título da dissertação: Entre o cuidar e o sofrer: o cuidado do cuidador via experiência de cuidadores/profissionais de saúde mental

Resumo: Diante das recentes transformações no cenário da assistência em saúde pública em nosso país, fruto da Reforma Sanitária e implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), no final da década de 80, percebe-se a necessidade de ampliação de estudos voltados a compreender a dinâmica dos profissionais envolvidos neste processo. Neste contexto, inserem-se as ações em saúde mental, baseadas nos pressupostos da Reforma Psiquiátrica Brasileira. Assim sendo e diante da carência de estudos acerca desta realidade, buscou-se a realização deste estudo com o intuito de compreender como tem se dado a práxis destes profissionais, com ênfase na questão da saúde do trabalhador, como manifestação de uma atitude de cuidado do cuidador. O cenário que permeia a cotidianidade dos trabalhadores de saúde nos aponta questões acerca da relação sofrimento/cuidado para além de uma dinâmica estritamente intra-psíquica, perpassada, em todo momento, por uma série de questões de cunho psicossocial e institucional. Neste sentido e a partir de uma aproximação com a lógica e diretrizes que balizam o funcionamento dos serviços e modelos assistenciais no âmbito da Atenção à Saúde Mental no contexto do SUS, buscou-se uma ampliação da compreensão do estresse no trabalho e, mais especificamente, da Síndrome de Burnout, como sinalizações possíveis do panorama de sofrimento no qual se inserem estes sujeitos. A aproximação desta problemática permitiu o resgate da implicação de questões relacionadas à visão moderna de técnica, aos processos de construção da imagem social do cuidador, à formação profissional e, finalmente, à relação entre angústia e cuidado em seus aspectos existenciais. A partir de um posicionamento fenomenológico existencial, como atitude de ser e pesquisar, foram colhidas narrativas, enquanto relatos de experiência vivida, de profissionais inseridos nesta rede de serviços assistenciais. Os depoimentos apontaram, dentre outras questões, aspectos relacionados ao caráter transitório e, por vezes, paradoxal, em que se encontra a implantação da rede substitutiva em Saúde Mental, com ênfase nas vivências dolorosas, fruto da discrepância entre expectativa do profissional e condições institucionais. Diante disto, discute-se que, a partir da complexidade implicada na situação de descuido dos cuidadores, faz-se necessária a manutenção da tensão entre os diversos aspectos envolvidos, bem como a constante problematização do papel de cada elemento do sistema, numa atitude de cuidado que implique coletivamente os âmbito do cuidado enquanto atitude ética e política, atravessados pelo cuidado de si, o cuidado institucional e o cuidado do outro.

Palavras-chave: Cuidado do cuidador, Sofrimento do trabalhador, Clínica fenomenológica existencial.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=35

 

  • CELINA MARIA ARAGÃO XIMENES RIBEIRO

Título da dissertação: O sentido de sintoma na perspectiva de Martin Heidegger

Resumo: Este trabalho intentou elucidar a temática do “sintoma” comumente manifesta no contexto da clínica psicológica, todavia, abordada numa perspectiva outro que nos permitiu ter acesso a possíveis sentidos de ser, a partir de nossa experiência imediata. Para tanto, recorremos a hermenêutica heideggeriana, descrita por Critelli (1996), como instrumento que nos possibilitasse a compreensão do fenômeno em questão sob a ótica de profissionais psicólogos atuantes em tal contexto. De modo a encaminharmos essa proposta, efetivamos, num primeiro momento, o movimento de aproximação de nossa experiência, na tentativa de elucidarmos a questão, emergente no contato imediato com aquele que nos solicita ajuda profissional. Elucidada a questão, contatamos 03 profissionais – três profissionais psicólogos residentes no município de Aracaju – SE, que atuantes em seus consultórios particulares, foram submetidos a entrevistas individuais, gravadas em áudio – ocasião em que foram convocados a narrarem a presente temática a partir de suas experiências clínicas. Num momento outro, a articulação dos sentidos atribuídos pelos integrantes da pesquisa, nos permitiu traduzir, momentaneamente, a nossa questão, evidente no acolhimento de um expressivo sentido outro emergente, a saber: o manifestar de um equivocado modo de ser psicólogo clínico. Acreditamos que a atitude fenomenológica, por nós assumida no transcorrer deste trabalho, nos permitiu refletir acerca das muitas contradições que marcam na contemporaneidade o cenário da clínica psicológica, consubstanciada em prévios conhecimentos teóricos que norteiam e determinam a sua práxis.

Palavras-chave: Sentido, sintoma, psicologia clínica.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  • CLAUDINE ALCOFORADO QUIRINO

Título da dissertação: Três modos da experiência de “ser-com” e “ser-si-mesmo” em situação conjugal: um estudo exploratório

Resumo: O objetivo deste trabalho visa compreender a experiência de ser-si-mesmo e ser-com em situação conjugal na contemporaneidade. Para compreender tal paisagem subjetiva, discutem-se os processos de subjetivação dominantes em nossa cultura, sob a ética da eficácia e do consumo do sujeito individualista. As relações sociais e conjugais nesse cenário preocupam psicólogos clínicos e sociais por modos coisificantes de ser, exclusores de diferença: o ser-si-mesmo e o ser-com o outro têm sofrido tensão pois a individualização gera uma ruptura no modo de ser-com. Para compreender essa experiência, foram entrevistados três casais em modos diversos de situação conjugal. A interpretação seguiu o método da Analítica do Sentido. Percebe-se que cada casal apresenta seu modo próprio de compreensão de ser-com em situação conjugal. Uma compreensão do modo de ser humano, pelo recorte da situação conjugal poderia empreender-se como: ser entre tensão. A conjugalidade pode ser caracterizada por uma oscilação maior ou menor entre momentos de fusão e momentos de diferenciação entre os parceiros. Apontando, também, um bem estar como sendo a direção do sentido de estar com o outro. Essa elaboração de experiência pelos participantes possibilitou o encaminhamento de articulação entre a dimensão existencial da clínica e a cultura no modo de ser do homem contemporâneo como ser-no- mundo-com-outros sendo si mesmo. Neste sentido, talvez seja essa a contribuição deste trabalho: introduzir o diferente, como possibilidade de encontrar-se, pelo coletivo, como alteridade.

Palavras-chave: Experiência de “ser-si-mesmo” com, Conjugalidade, Contemporaneidade, Psicologia Clínica.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=38

 

  •  GUSTAVO KIHL KNIEST

Título da dissertação: A relação terapêutica frente a homossexualidade

Resumo: Buscou-se, através deste trabalho de pesquisa, compreender como o psicólogo clínico interage com a homossexualidade trazida pelo seu cliente no processo terapêutico. Esta, considerada até recentemente como doença/desvio do comportamento do indivíduo, vem demandando especial atenção de profissionais da Psicologia não só porque vem se revelando, com maior incidência, sobretudo entre adolescentes, como também por se tratar de um fenômeno que, face às configurações culturais da contemporaneidade, necessita ser re-visitado. Através de autores que estudam a constituição e o desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência e profissão, bem como tomando como referência a própria evolução histórico-cultural da homossexualidade, inclusive em algumas de suas abordagens teóricas, procurou- se fazer uma cartografia que viabilizasse aproximações à prática do psicólogo clínico, ao seu papel, suas contribuições, suas dificuldades e os atravessamentos da cultura em seu clinicar. Concomitantemente, realizou-se uma pesquisa qualitativa sob o referencial do método fenomenológico em que, através de entrevistas individuais, pretendeu-se conhecer a experiência e as ressonâncias nos terapeutas que trabalham com clientes que vivenciam a questão da homossexualidade. As narrativas que emergiram nesta pesquisa, ricas em contribuições e reflexões, apontam para um quadro surpreendente: frente às demandas sociais solucionadoras/curativas, juntamente com teorias psicológicas com vieses abertamente patologizantes, relatam uma intervenção clínica voltada a uma concepção de homem em sua totalidade, o que lhes permite uma postura crítica, teórica e social, frente a este fenômeno crescente em seus consultórios. Paralelamente, revelam o desamparo teórico- profissional sentido ao lidar com esta questão no confronto de seu cliente com sua realidade sócio-familiar. Esperamos que as reflexões, aqui levantadas, possam contribuir para a necessidade emergente de aprofundamento acerca desta temática, bem como ofereçam indicativos que oportunizem uma reflexão crítica acerca do lugar do psicólogo como profissional frente a este panorama.

Palavras-chave: Psicologia, relação terapêutica, contratransferência, homossexualidade, ética, Análise Bioenergética.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=40

 

  •  PATRÍCIA OLIVEIRA LIRA

Título da dissertação: A criança maltratada e sua referência ao prejuízo imaginário

Resumo: Pretendeu-se, através deste trabalho de pesquisa, compreender como se desenvolve a atuação do psicólogo junto à violência familiar contra crianças e adolescentes. Este fenômeno, considerado na atualidade como crime, problema social e de saúde coletiva, vem demandando em diversas áreas profissionais, atenção e cuidados, exigindo um esforço coletivo tanto na sua compreensão quanto na formulação de políticas que possibilitem mudanças em um quadro tão inquietante. A partir dos autores que vêm realizando estudos nos campos da família, da violência, da cultura contemporânea e da constituição da psicologia, sobretudo como profissão, procurou-se construir uma cartografia que possibilitasse atravessamentos institucionais. Realizou-se, também, uma pesquisa de campo de natureza qualitativa, utilizando-se como referencial o método fenomenológico-existencial, a partir de entrevistas individuais com psicólogos que trabalham junto a crianças e adolescentes em que a violência familiar, em suas diversas formas, tenha sido experienciada. As narrativas destes profissionais, ricas em contribuições e reflexões, des-velam um quadro efetivamente preocupante: frente a um fenômeno relativamente novo e a crescente demanda por uma intervenção psicológica, via de regra, voltada para sua “solução”, relatam, dentre outros aspectos, a falta de apoio institucional e de um trabalho multidisciplinar que possam se constituir como parceiros em seu enfrentamento. Paralelamente, a ausência de políticas públicas e o despreparo em sua formação profissional para lidar com esta situaçã-problema, acabam por produzir, no psicólogo, intensos sentimentos de angústia e a incitá-lo a assumir posições voltadas, principalmente, à denúncia do fenômeno. Espera-se que as questões aqui suscitadas possam contribuir para o aprofundamento desta temática, bem como oferecer indicativos que possibilitem uma reflexão crítica acerca do lugar do psicólogo, como cidadão e profissional, em face deste cenário.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  • SUELY EMILIA DE BARROS SANTOS

Título da dissertação: A experiência de ser ex-esposa: uma oficina sociopsicodramática como intervenção para problematizar a ação clínica

Resumo: Esta pesquisa enfoca como fenômeno subjetivo, expresso na realidade atual do ser humano, a experiência de ser ex-esposa, relevante mas ainda carente de estudos compreensivos pertinentes quanto à sua significação no mundo contemporâneo. A escolha em realizar uma pesquisa em Psicologia Clínica, recorrendo à metodologia fenomenológica existencial via a narrativa, aconteceu, por entender que esse modo de pesquisar pode apresentar-se como um caminho de grande fertilidade teórica e mordência analítica para a compreensão do sentido vivido pela mulher contemporânea na experiência de ser ex-esposa. A oficina sociopsicodramática foi a modalidade de intervenção/investigação clínica escolhida para a-colher a narrativa. As sujeitos/narradoras foram seis mulheres que, após uma relação conjugal interrompida, apresentavam variadas situações e expressões da experiência de ser ex-esposa. A própria metodologia revelou-se capaz de promover as condições de elaboração dessa experiência, à medida que possibilitou a presença do cuidar do escutar/dizer da experiência de ser ex-esposa na contemporaneidade, bem como a articulação considerativa com o desvelar do próprio ser-no-mundo do humano. Nesse sentido, destaca-se o caráter interventivo e interpretativo desta pesquisa clínica psicológica. A compreensão das formas falada e dramática de narrativa colhida apontou para um possível significado sentido para a experiência de ser ex-esposa: encarnar o seu projeto de existir como cuidado de ser-si-mesma-com-os-outros.

Palavras-chave: Experiência, narrativa, ex-esposa, contemporaneidade, cuidado, Psicologia Clínica, pesquisa fenomenológica existencial, oficina sociopsicodramática.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=39

 

6ª Turma Mestrado – 2004

  •  DIANA MARIA HOLLANDA BELÉM

Título da dissertação:

Resumo: Este estudo, que consiste em uma pesquisa teórica, tem como objetivo desenvolver uma leitura da teoria de Carl Rogers à luz do pensamento de Martin Heidegger, construindo, conseqüentemente, um olhar contemporâneo sobre a Abordagem Centrada na Pessoa. Parte das inquietações da autora ao identificar que o homem da prática clínica não é mais o homem da teoria de Carl Rogers, construída na modernidade, tradicionalmente concebida, na medida em que essa teoria não dá mais conta dos novos sofrimentos psíquicos contemporâneos. Percorrendo, à luz do pensamento heideggeriano, o pressuposto rogeriano de que o homem é capaz de se compreender suficientemente, dá lugar ao homem como ser-no-mundo cuja constituição é ser/mundo e sua historicidade. O fazer clínico, que, em Rogers, diz da liberação de capacidades já presentes, em estado latente, implicando que o cliente possui, potencialmente, a competência necessária à resolução de seus problemas se contrapõe à compreensão de psicoterapia como a fala que se põe em movimento através de um rompimento com as falas do cotidiano. O percurso realizado resulta num questionamento de por que se manter a centralidade e na compreensão de que se pode aventurar em identificar possíveis ressonâncias heideggerianas no exercício clínico.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  •  ELIANA MARIA CUNHA DE CASTO

Título da dissertação: Os Hércules modernos: discurso e subjetividade em algumas organizações de Recife-PE

Resumo: Nesta pesquisa, pretendeu-se problematizar a construção da subjetividade dos trabalhadores nas organizações, tomando como eixo central o que se diz e o que se faz. Embora haja uma mudança paradigmática em torno dos discursos organizacionais, percebe-se que ainda há um abismo entre o discurso da ordem e a ordem do discurso, ou seja, profundas dissonâncias entre o que é dito e as práticas organizacionais. Considerando aqui que os discursos não estão isentos das ideologias e valores que os permeiam, produzindo “efeitos de verdade”, tornou-se relevante analisar os modos de subjetivação agenciados por estes discursos, objetivando compreender como eles atuam sobre os trabalhadores e quais são suas possíveis ressonâncias. Para tanto ouviu-se os relatos de experiências de seis trabalhadores de empresas privadas da cidade do Recife, acerca do sentido que conferem ao seu trabalho Estas narrativas, ricas em conteúdo, permitiram cartografar o modo como os trabalhadores lidam com os discursos organizacionais e as estratégias que utilizam para a eles “se adequarem”. Os resultados apontaram para a possibilidade de uma proposta fundada na abordagem psicossociológica como meio de compreender e atuar nas organizações de forma a elaborar as relações entre os indivíduos e grupos para o enfrentamento dos problemas organizacionais.

Palavras-chave: Organizações, trabalho, subjetividade, psicologia.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=11

 

  •  JANNE FREITAS DE CARVALHO

Título da dissertação: “Ser-psicológico”: uma compreensão/sentido de sua experienci-ação

Resumo: A presente pesquisa pretende compreender como é, a partir da perspectiva fenomenológica existencial, para o psicólogo, o sentido de sua experiência em ação como um agir clinicamente. Em outras palavras, construímos essa pesquisa com a finalidade de abrir espaços para reflexões sobre a ação do psicólogo no cotidiano de suas ações, como ele se percebe atuando e como se constitui sua atitude na ação de estar fazendo, independente do local onde esta prática está sendo realizada. Para elaboração de compreensão/sentido, quatro profissionais foram entrevistados e suas experiências narradas serviram de fundamento, ponto de referência, para toda articulação teórica aqui tecida. Assim, cada autor/anfitrião visitado no decorrer desta pesquis-ação, contribuiu para desvelar um significado-sentido de cada experienci-ação contextualizada. Um caminho trilhado apontou a necessidade de investigar alguns pressupostos da perspectiva fenomenológica existencial heideggeriana. Outro, nos levou a problematizar a concepção sobre o clinicar como ação (agir clinicamente) e suas repercussões na atualidade. Deste modo, pensar, refletir, articular… experiências de psicólogos nos diferentes contextos de atuação, possibilitou construir elaborações sobre o sentido de Ser-Psicólogo, sobre sua atuação, sobre aquilo que lhe é próprio na fabricação, construção de sua destinação.

Palavras-chave: Perspectiva fenomenológica existencial, psicologia clínica, experiência em ação.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=135

 

  •  JOSÉ ANTÔNIO SPENCER HARTMANN

Título da dissertação: Depressão: resistência ou desistência existencial?

Resumo: O presente estudo realiza um aprofundamento da depressão, convocando as questões existenciais do indivíduo e sua relação com o mundo como uma possibilidade de melhor compreender o seu sofrimento psíquico e suas imbricações com o social hodierno. Inspirando-me na abordagem fenomenológica existencial que muito contribuiu para minha reflexão sobre a depressão, – entendida como um sintoma de crise de sentido da vida – realizei um cruzamento com o trânsito social deste sujeito – como ser-nomundo. A questão se levanta em saber como o homem responde às atuais condições ônticas de seu existir, marcadas por aspectos sociológicos que trazem traços bem delineados no trabalho e que foram nomeados de mecanismos depressivizadores. O modo de afetação deste indivíduo aos aspectos psicossociais da contemporaneidade pode ser entendido como uma resposta à forma como o mundo se lhe apresenta. Desta forma, pode se caracterizar como um modo de desistência – quando o deprimido nega a vida, negando a si mesmo, condicionado a sentimentos de fracasso, insuficiência pessoal, culpa e frustração ou de resistência, quando o deprimido responde ao mundo como um ato de protesto – vivendo em auto-punição, não obstante, estéril, porque paralisa o sujeito diante de outras possibilidades de seu existir. O estudo faz uma peregrinação perquiridora na problematização da depressão que pode ser compreendida, como comentado acima, a partir de uma resistência ou de uma desistência de viver. Finalmente, o estudo desemboca na clínica psicológica como um lugar onde esse indivíduo pode ressignificar seu sentido de vida, ao mesmo tempo em que propõe uma reflexão da clínica da depressão na atualidade. Acredito na importância de uma abordagem fenomenológica existencial deste sujeito, que deve inserir, em sua analítica, um olhar mais acurado, não somente quanto às questões ontológicas do homem, mas, como este indivíduo – sendo ser-no-mundo – passa a ser atravessado pelos aspectos histórico, cultural e social em seu modo de subjetivação.

Palavras-chave: Fenomenologia existencial, mecanismos depressivizadores, clínica psicológica.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=19

 

  •  LUCYANNA DE FARIAS FAGUNDES PEREIRA

Título da dissertação: Da experiência da fala de sujeitos usuários na clínica psicológica às suas possíveis repercussões

Resumo: Esse trabalho de pesquisa busca promover uma reflexão sobre a clínica psicológica e suas repercussões como um lugar de abertura a um falar criador de sentido, partindo da experiência de sujeitos usuários. Compreendendo que há uma especificidade da linguagem no espaço da clínica psicológica, acredita-se que esse trabalho possibilite uma maior clareza quanto à propriedade, singularidade e importância da fala na clínica, além de levar a reflexões e discussões quanto à temática, tanto à academia quanto aos campos de atividade do psicólogo. O desenvolvimento proposto restringe-se à clínica em sua modalidade de psicoterapia, a fim de refletir acerca da linguagem expressa na narrativa do indivíduo. A escuta das experiências de clientes que buscaram serviços psicoterápicos se deu a partir de uma pergunta disparadora/provocadora, e a compreensão de suas narrativas teve como suporte a metodologia fenomenológica existencial de investigação. As discussões tornaram-se possíveis a partir de afetações e reflexões entre relatos e pesquisadora, bem como de diálogos com autores que transitam pelo tema.

Palavras-chave: Psicologia clínica, discurso, criação de sentido, narrativa.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=77

 

  • MARIA DA CONCEIÇÃO PEREIRA SOUGHEY

Título da dissertação: Um mito que cai – o vôo e a rota do homem na aviacão contemporânea

Resumo: Este trabalho de dissertação teve por objetivo compreender o modo de subjetivação do trabalhador da aviação frente às suas atividades e os sofrimentos psíquicos que experimenta com as mudanças advindas a partir da pós-modernidade. O cenário deste estudo centra-se na experiência do piloto aviador, considerando que estas mudanças, não só tecnológicas, mas aquelas relacionadas às próprias condições de trabalho, são acompanhadas de um processo de transição que incide em sua identidade profissional. Este fenômeno, pouco explorado e dimensionado, justifica a proposta deste trabalho, haja vista que grande parte das pesquisas e da bibliografia voltadas a esta temática tendem a enfatizar os aspectos tecnológicos e fisiológicos implicados na atividade de voar em detrimento de uma análise mais aprofundada acerca das condições psíquicas do piloto aviador. Adotando-se uma postura fenomenológica diante do fenômeno a ser estudado – a experiência de ser piloto na contemporaneidade – buscou-se, através das narrativas dos pilotos, conhecer o sentido que atribuem à sua atividade no mundo aeronáutico atual, o que permitiu, também, o desvelamento dos sofrimentos vividos por estes trabalhadores e possibilidades de enfrentamento. A interpretação destas narrativas aponta para aspectos significativos, tais como a gradual perda da identidade profissional devido à excessiva automação das aeronaves, ou à permanente fantasma do desemprego imposto pela lógica do mercado, entre outros, que permitem importantes reflexões para se repensar o cuidado necessário a esta população, sem o qual não é possível a realização de vôos seguros. Ícaros que sofrem frente às suas asas quebradas, seres humanos falíveis, não obstante toda tecnologia a seu dispor.

Palavras-chave: Modos de subjetivação. Sofrimento Psíquico. Aviador. Identidade Profissional.

Trabalho disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  •  RAFAEL CARVALHO DA NÓBREGA

Título da dissertação: Formação do Psicólogo: espaços acadêmicos de legitimação do saber de ofício

Resumo: Este trabalho se propôs problematizar como a formação em Psicologia contempla espaços para o aluno de Psicologia perceber sua apropriação do saber de oficio, bem como sua legitimação. Partindo de considerações sobre a historia da Psicologia e da formação de Psicólogos, chegamos a abordar temas como Aprendizagem Significativa e Conhecimento Tácito. Através da perspectiva Fenomenológica Existencial, desenvolvemos uma pesquisa com alunos de graduação em Psicologia, oriundos de duas das mais bem conceituadas instituições de ensino superior do estado de Pernambuco. Tal pesquisa proporcionou, através de suas narrativas, compreender suas experiências acerca de seus modos de incorporação, apropriação e legitimação do saber de oficio desta profissão. Por fim, estas compreensões nortearam reflexões sobre a formação em Psicologia e seus espaços de legitimação, além de sugerir novas propostas que possam contribuir para a formação profissional, dentro e fora do circuito acadêmico.

Palavras-chave: Formação em Psicologia – Aprendizagem Significativa – Saber de Oficio.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=821

 

  •  RAÍLA SOARES FERREIRA

Título da dissertação: Possíveis implicações da experiência com plantão psicológico para ação do psicólogo clínico

Resumo: Este trabalho teve como objetivo problematizar as possíveis implicações da experiência com Plantão Psicológico para a ação do psicólogo clínico. Como caminho metodológico, recorreu-se à narrativa de quatro plantonistas, buscando acolher os sentidos que esta prática tem podido lhes proporcionar no exercício da clínica. Articulando a compreensão da experiência de plantonistas entre si e com outros fazeres do psicólogo clínico, principalmente com a prática sistemática de consultório, tornou-se possível, então, refletir as ressonâncias entre elas e as possibilidades de ação deste profissional, promovendo um re-direcionamento da clínica psicológica. Nesta perspectiva, é válido destacar que escolhemos profissionais que efetivaram o plantão em diferentes contextos, contemplando sua inserção na escola, na universidade e no hospital, a acompanhar seus encontros e desencontros na construção de sentidos para esta sua prática. Pela compreensão das suas narrativas, concluímos que a prática de Plantão Psicológico tem facilitado ao psicólogo se apropriar da sua condição de ser clínico, desconstruindo, em grande parte, a idéia deste fazer como modelo padronizado de consultório para resgatá-lo como disposição; modo de se colocar para o outro. Lidando intensamente com a diversidade e o inusitado, pudemos observar como estes plantonistas criaram novas formas de ação dentro das instituições e do próprio consultório, transformados em profissionais mais ágeis, sensíveis e disponíveis, “abertos” para a impresivibilidade e para a contradição.

Palavras-chave: Plantão Psicológico, plantonista, clínica.

Arquivo completo disponível em: Biblioteca da UNICAP

 

  •  VIRGÍNIA TELES CARNEIRO

Título da dissertação: Tornando-se psicólogo clínico

Resumo: O presente estudo versa sobre como estagiários do curso de psicologia vivenciam a experiência de se tornarem psicólogos clínicos, tendo como referência o trânsito entre um modo de saber prático, ancorado na experiência pessoal, e um modo de saber advindo de teorias. A legitimação desta pesquisa está em tornar evidente a necessidade de reformulações na formação do psicólogo clínico, que vão além das sugeridas pelas reformas curriculares. Dito de outro modo, a contribuição está em apontar para a incongruência da formação de um profissional que cuida, mas que, pelo instituído formal e oficial, é descuidado. A pesquisa tem como referência metodológica a fenomenologia existencial, utilizando como recurso a metodologia de relatos orais. Como contexto, optou-se por duas instituições de ensino superior localizadas em João Pessoa – PB, a saber, a Universidade Federal da Paraíba/ UFPB e o Centro Universitário de João Pessoa/ UNIPÊ. Os colocutores foram oito estagiários que já haviam se iniciado na prática psicológica e clínica e que estavam em supervisão. A pesquisa em campo ocorreu em dois momentos: primeiramente; em cada instituição foi realizado um grupo de discussão; posteriormente, foram realizadas entrevistas individuais com os participantes, no intuito de possibilitar a autenticação do que foi revelado no momento do grupo. Os depoimentos colhidos indicam aspectos pertinentes para a compreensão do objetivo proposto, como a cisão da experiência vivenciada através da própria estrutura do curso; o espaço que a supervisão ocupa na formação clínica; a importância da prática no contexto da formação; a necessidade premente de se avaliar a formação do psicólogo.

Palavras-chave: Formação em psicologia clínica, prática clínica, supervisão.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=1

 

8ª. Turma Mestrado – 2006

  • JAQUELINE VILAR RAMALHO

Título da dissertação: Crianças em situação de abrigamento que possuem vínculos familiares: busca de significados

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo geral: analisar os significados que crianças em situação de abrigamento que possuem vínculos familiares atribuem a esta situação e como objetivos específicos: conhecer o percurso trilhado por essas crianças até a situação de abrigamento; pesquisar como crianças em situação de abrigamento percebem o ambiente familiar estando excluídos temporariamente do mesmo e investigar o que significou o período de abrigamento na vida dessas crianças. A metodologia foi de natureza qualitativa. A coleta de dados se iniciou com as observações que nos subsidiaram no “rapport” com as crianças. Os instrumentos utilizados foram o Teste do Desenho da Família, as Fábulas de Düss e os prontuários ou pastas de encaminhamento existentes na instituição. No sentido de complementar os dados colhidos nos prontuários, entrevistamos profissionais da equipe da instituição de abrigamento. Seis crianças de ambos os sexos e com idade entre sete a nove anos participaram da pesquisa. Dentre os motivos de abrigamento obtivemos: abandono do lar pela mãe, negligência e gestação materna. No Teste do Desenho da Família todas apresentaram os seguintes aspectos: dificuldade para desenhar a própria família, agressividade observada através da eliminação de personagens, instabilidade e fragilidade nos desenhos (decerto, devemos considerar as circunstâncias de desenvolvimento das mesmas); cinco apresentaram dificuldades em se inserir no desenho; três não representaram os pais; duas acrescentaram outros familiares, sinalizando necessidade de afeto ou muita convivência com os mesmos, acréscimo de simbolismos; uma não representou a mãe e outra acrescentou pessoa da instituição. Nas Fábulas de Düss as respostas que apresentaram maior freqüência foram: duas crianças representaram agressividade e hostilidade diante da cena primária, assim como Complexo de Édipo vivido de forma angustiante, congruentes às histórias de vida de cada uma delas. Dessa forma, nossos dados apontaram um significado de família ambivalente e sem coesão, salientando fragilidade em sua dinâmica. Quanto ao abrigamento, em sua maioria (cinco), as crianças o relataram como tendo um significado positivo em suas vidas, afirmaram gostar de lá, embora isso não às levasse a rejeitar suas famílias.

Palavras-chave: Abrigamento, criança, família.
Trabalho disponível em:http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=194

 

  • LEOPOLDO NELSON FERNANDES BARBOSA

Título da dissertação: A condição humana do paciente laringectomizado total: perspectivas para a clínica

Resumo: O tratamento de pacientes com câncer de laringe que realizam a cirurgia de Laringectomia Total (LT), freqüentemente implica a necessidade de procedimentos agressivos que podem causar lesões estéticas e funcionais irrecuperáveis, tais como o uso de sonda nasogástrica, traqueostoma, perda da fala e do sentido olfativo, dificuldade para engolir certos alimentos e a impossibilidade de imersão em líquidos, acarretando uma série de repercussões em uma dimensão psicossocial. Através de uma metodologia qualitativa, baseada na narrativa dos pacientes e seus cuidadores, objetivamos investigar as possíveis repercussões psicossociais na construção subjetiva de pacientes submetidos à LT. Caracterizamos mudanças ocorridas no cotidiano dos pacientes e em suas relações familiares e sociais, com o intuito de compreender como estas mudanças afetam o seu equilíbrio emocional e as suas estratégias de enfrentamento psicológico frente a elas. Todo o percurso em torno da doença é vivido pelo paciente e por sua família como um momento de crise, atravessado por um profundo sentimento de precariedade, que exige uma série de readaptações que afetam expressivamente a rotina e o contexto social em que vivem. Diante das diversas seqüelas físicas decorrentes da LT e do seu tratamento, a perda da fala assume papel prioritário levando o paciente a isolar-se do seu convívio social, afastar-se de suas funções profissionais, o que gera, conseqüentemente, sentimentos de inadequação, baixa auto-estima, vergonha e, até mesmo, culpa pela crença de que seus “maus hábitos” contribuíram para o adoecer. A família, por seu turno, sofre duplamente: de um lado pela percepção de fragilidade e medo de perda de um ente querido e, de outro, por tentativas, nem sempre bem sucedidas, de dar suporte e oferecer ambiência para as novas necessidades que se apresentam. Percebe-se, ainda, que os aspectos ligados à religiosidade, ao apoio da família e confiabilidade na equipe são encarados como fonte de motivação para o tratamento. A experiência do adoecimento é extremamente rica de sentidos: des-armando, des-pre-ocupando para ocupar-se com o que interessa e realmente está presente no aqui e agora, pedindo espaços de amparo onde o abdicar de si implica em abrir-se para outro. Além de aprofundar temáticas relativas à Psicologia Clínica e Hospitalar, acreditamos que essa pesquisa pôde nos auxiliar na identificação de dispositivos clínicos para a ação do Psicólogo que trabalha nesse contexto. Outros estudos e reflexões são necessários para que possamos melhor compreender essas tantas facetas que envolvem o humano, sem aprisioná-lo, considerando-o em sua singularidade múltipla. No entanto, podemos afirmar que o contato com esses pacientes e a busca de compreensão de seus sofrimentos leva-nos, cada vez mais, a tomar a ética do cuidado como o principal referencial em nossa atividade Clínica.

Palavras-chave: Laringectomia total, Repercussões psicossociais, Psicologia clínica hospitalar.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=197

 

  • TALITHA LÚCIA MACEDO DA SILVA ARRUDA

Título da dissertação: Tribos urbanas e construção da identidade adolescente

Resumo: Percebe-se, na contemporaneidade, um crescente movimento, no meio adolescente, de busca de mecanismos identificatórios através do pertencimento a grupos formais e/ou informais. Neste contexto, situam-se as Tribos Urbanas que, segundo Michel Maffesoli (2006) configuram-se como um fenômeno cultural, agregando adolescentes de diferentes níveis sócioeconômicos com os mais variados interesses. Dessa forma, esta pesquisa objetivou investigar o sentido de pertença a uma Tribo Urbana para a construção da identidade adolescente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa em que, a partir de uma análise metodológica na perspectiva fenomenológica existencial, utilizando entrevistas semidirigidas, abordou adolescentes, de ambos os sexos, numa faixa etária compreendida entre 18 a 20 anos, de qualquer nível sócio-econômico, pertencentes à Tribo Urbana de Metaleiros recifenses. Os resultados obtidos trouxeram ricas contribuições para a compreensão do sentido desta pertença e sua importância no universo simbólico do adolescente. Contrariando o senso comum que as Tribos Urbanas agregam “desocupados” e/ou “marginais”; percebemos que estas se constituem como espaços propiciadores de crescimento pessoal, social e cultural. Além disso, as entrevistas revelaram que as Tribos Urbanas desempenham um relevante papel, para os adolescentes metaleiros, como mediadora entre o “desligamento” do ambiente familiar e a inserção no meio social. Esta pertença, ainda, configura-se como um dispositivo para a construção de mecanismos de identificação e diferenciação, fundamentais na estruturação da identidade adolescente. Acredita-se que este trabalho possa oferecer subsídios para um maior entendimento dos mecanismos que operam na construção da identidade adolescente, possibilitando uma melhor compreensão acerca da necessidade gregária dos jovens, minimizando, assim, a representação social negativa das Tribos Urbanas de adolescentes.

Palavras-chave: Adolescência, tribos urbanas, construção da identidade.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=202

 

9ª. Turma Mestrado – 2007

  • EDVÂNIA DOS SANTOS ALVES

Título da dissertação: A ação do estudante de psicologia nos centros de atenção psicossocial: desafios para a criança

Resumo: A experiência com psicólogos no campo da Saúde mental, especificamente nos Centros de Atenção Psicossocial de Transtorno Mental, levou-nos a observar que estes parecem privilegiar os conflitos intrapsíquicos em detrimento aos aspectos sócio-históricos e familiares dos sujeitos que demandam por esse serviço. Esta observação nos impulsionou a questionar a ação do estudante de psicologia nos Centros de Atenção Psicossocial e a problematizar a sua formação acadêmica. Assim, algumas indagações levantadas constituíram-se como objetivo desta pesquisa: será que a experiência vivenciada por esses estudantes contempla as demandas que emergem nesses Centros, sejam elas de usuários ou da própria equipe? Até que ponto a formação deste futuro profissional, predominantemente voltada a uma ação clínica em consultório, o prepara para as emergências e urgências que surgem nesses Centros? Para a compreensão do campo a ser investigado realizou-se uma entrevista semidirigida com 7 (sete) estudantes, concluintes do curso de psicologia, oriundos de agências formadoras particulares e públicas, situadas na cidade do Recife. Através da elaboração de núcleos de sentido e levantamento de conteúdos temáticos, as narrativas obtidas permitiram-nos perceber que a ação do psicólogo clínico nestes Centros é caracterizada, principalmente, por um processo de construção permanente que dirige seus cuidados tanto ao usuário como a seus familiares, parceiros fundamentais para a (re )inserção do paciente no convívio social. As narrativas também nos revelaram que são muitos os desafios vividos pelos profissionais, considerando-se, principalmente, a estigmatização em tomo da doença mental e a necessidade da adoção de concepções e posturas que contemplem as dimensões psíquicas e histórico-sociais envolvidas no processo de adoecimento. Pretende-se que os resultados dessa pesquisa possam contribuir para a formação de uma postura crítica e reflexiva na ação profissional do psicólogo em Saúde mental, de forma a lhe oferecer subsídios para uma ação clínica voltada as reais necessidades da população que demanda pelos serviços dos Centros de Atenção Psicossocial de Transtorno Mental.

Palavras-chave: Clínica na saúde mental, perspectiva psicossocial, formação profissional.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=184

 

  • MARIA DANIELLY DA SILVA CABRAL

Título da dissertação: A experiência de psicólogos que exercem sua ação clínica numa perspectiva fenomenológica existencial

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo geral compreender a experiência de psicólogos que adotam a perspectiva fenomenológica existencial em sua ação clínica, e tem como objetivos específicos: descrever como se deu o percurso acadêmico – profissional até a escolha da linha fenomenológica existencial; apreender os pressupostos fenomenológicos existenciais que norteiam a ação clínica desses psicólogos que adotam esse perspectiva percebem suas possibilidades e limites. A metodologia tem um enfoque qualitativo numa perspectiva clínica interventiva. O instrumento será o depoimento (com pergunta disparadora) dos psicólogos (sujeitos colaboradores). As narrativas conseqüentes, fundamentadas como possibilidade de elaboração da experiência vivida, a partir de Benjamin e Schimdt, serão submetidos posteriormente à analítica do sentido proposta Critelli, como procedimento de investigação e analise fenomenológica. Os resultados apontaram que todos os entrevistados partiram de uma insatisfação do que lhes era oferecido, para, de maneira tranquila ou mais intensa, lenta ou subitamente, sentirem-se profundamente tomados pela perspectiva que escolheram. A sensação de um encontro vivido com profunda emoção marcou a cada um dos narradores, que, apesar da passagem do tempo,traziam com muita jovialidade e frescor esse momento de suas vidas. Vidas, existências que se sentiram em harmonia, integridade, coerência, comumente comentando a união de seus pontos de vista, visão de homem, como frisaram insistentemente com a perspectiva de ação clínica da fenomenologia existencial. A todos movia a exigência de uma escolha profissional profundamente entrelaçada com a historicidade de cada um. Em nossa região, a concepção fenomenológica foi introduzida pelas psicologias contemporâneas que incorporam o ideário humanista existencial. Entre nossos entrevistados todos se identificam com essa perspectiva. Temáticas muito caras a esse movimento foram frequentemente citadas como fundamentais à ação clínica de nossos sujeitos colaboradores: liberdade-responsabilidade, singularidade-multiplicidade, escuta clínica-empática, sentido, significado, abertura ao novo, angústia e morte. Entretanto, exceto em um de nossos entrevistados, que se sente em transição, e em função desse momento particular, expõe criticamente as concepções dos diversos autores e movimentos que transitam no campo, os demais associam livremente conceitos do humanismo existencial, com analítica da existência. A certeza da escolha correta, a satisfação no trabalho clinico matizou o grupo de entrevistados. Certamente é com esse estado de humor que avaliaram os limites de sua própria ação clínica. De maneira unânime, acreditam que as dificuldades estão relacionadas a insuficiências dos próprios profissionais, sejam ligadas a sua própria história, ao exame de si mesmo ou de apreenderem com mais profundidade as concepções que a fenomenologia existencial propõe.

Palavras-chave: Ação Clínica. Analítica do sentido. Fenomenologia Existencial.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_arquivos/1/TDE-2010-08-04T153953Z-333/Publico/dissertacao_maria_danielly.pdf

 

  •  SOCORRO ALVES SILVA (*)

 

10 ª. Turma Mestrado – 2008

  • ANA PAULA LEAL DE AGUIAR (*)

 

  • RAFAEL AULER DE ALMEIDA PRADO

Título da dissertação: Proposição de modalidade de prática clínica psicológica em saúde pública

Resumo: Uma questão fundamental em psicologia diz respeito à construção da ação clínica do psicólogo. Dentre tantos referenciais, qual o mais adequado? qual o mais verdadeiro? Tais questões, de uma forma ou de outra, afetam todos os estudantes e, talvez, até mesmo muitos profissionais. Tal situação foi vivida, com toda a intensidade, com a inserção progressiva dos psicólogos na saúde pública. A exigência de um novo contexto de atuação provocou perplexidade e desorientação nos primeiros profissionais que passaram a atuar na área. Compreende-se que, em grande parte, tal situação se associa a uma formação baseada em modalidades teóricas – e conseqüentemente práticas – técnicas da psicologia tradicional. Portanto, nosso objetivo foi propor nova modalidade de prática clínica psicológica na saúde pública. Para tanto, por meio de pesquisa bibliográfica e reflexão teórica, construímos dois artigos que detalham nossa proposta. No primeiro, preparatório para o segundo, caracterizamos a construção do pensamento técnico-racionalista e de suas consequências para o modo como as pessoas pensam e se percebem o que inclui o desenvolvimento das práticas clínicas vigentes. Tal reflexão baseou-se na perspectiva heideggeriana. No segundo artigo, a partir da poética concebida por Bachelard e da proposta psicoterápica de Pompéia e Sapienza – que dão lugar privilegiado à linguagem poética-, refletimos sobre uma postura, escuta, linguagem e construção que restauram a dimensão poético-existencial do homem. As conclusões do primeiro artigo apontaram para hegemonia do pensamento técnico, entretanto, ao lado de uma crítica desse pensamento, acenamos caminhos para sua possível superação. Esses caminhos dizem respeito ao resgate de um modo de pensar – pensamento meditativo -, que não só é desvalorizado como corre o risco de desaparecer através da construção da contemporaneidade. Já os resultados do segundo apontaram para a constituição da prática clínica que propusemos a partir da poética: como postura do terapeuta diante do cliente na compreensão de sua fala e no exercício de sua possibilidade poética de ser, e não como proposição de nova técnica psicoterápica. Nessa perspectiva, para dar conta das diferenças de cada cliente – o que inclui também seu aspecto sociocultural como inúmeros outros que o constituem -, o terapeuta deve, no encontro terapêutico, estar aberto, sem determinação prévia de sua atuação que anteceda ao modo como o cliente se mostra a ele. Um posicionamento, uma escuta e, sobretudo, um encorajamento poéticos, acreditamos, auxiliam e muito nesse processo.

Palavras-chave: Clínica psicológica, saúde pública, poética, nova modalidade.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=302

 

  • ANA LÚCIA ALVES BEZERRA

Título da dissertação: A inserção e ação dos psicólogos em projetos sociais

Resumo: O convite para trabalhar como psicóloga em um projeto vinculado a um programa de responsabilidade social, de uma empresa de telefonia móvel, foi o ponto para iniciarmos uma reflexão sobre essa nova prática. Nosso não envolvimento no início desse projeto, a indicação de manter uma neutralidade (observação não-participante) nos nossos primeiros encontros com o grupo, a falta de uma discussão com as crianças, adolescentes e pais sobre o trabalho a ser desenvolvido e a cobrança em realizarmos dinâmicas para formar a identidade de um grupo que não possuía sequer um local adequado de trabalho ou, pelo menos, um lugar onde o grupo pudesse realizar suas atividades foram algumas das indagações que surgiram no decorrer do processo e que nos fizeram ir à busca de referência bibliográficas que dessem conta de nossas inquietações. Porém, para nossa surpresa, era escassa a bibliografia que contemplasse a práxis do psicólogo nesses programas. Esta se restringia, inicialmente, à área administrativa e de marketing. Essa constatação nos instigou a pesquisar como os psicólogos estão desenvolvendo seus trabalhos nos projetos sociais, tornando-se o nosso objetivo principal: investigar a inserção e ação dos psicólogos em projetos sociais. Para atingir esse objetivo fez-se necessário mapear as Organizações Não-governamentais (ONG) na cidade do Recife, que possuíssem projetos sociais. Através deste mapeamento, foram escolhidas seis ONG as quais dispõe de psicólogos desenvolvendo sua prática profissional em projetos sociais. Considerando a pouca literatura sobre o tema e a compreensão de que os fenômenos sociais acontecem no momento da interação entre o pesquisador e aquilo que é pesquisado, fez-se necessário uma pesquisa de campo, para a qual utilizamos como instrumento a entrevista semidirigida. O roteiro da entrevista foi construído baseando-se em eixos temáticos, tendo como eixo norteador os objetivos propostos. A compreensão dos conteúdos que emergiram nas entrevistas nos levou a constatar que a maioria dos projetos sociais desenvolve um conjunto de ações educativas e preventivas: desde a elaboração até a coordenação, supervisão e assessoramento dos próprios projetos sociais, sem deixar de mencionar, construção da identidade cidadã, promoção de cultura, geração alternativa de renda, atenção à saúde; formação de lideranças comunitárias, discussão sobre sexo, gênero e diversidade sexual, atuação estratégica institucional, sustentabilidade política, gestão ou participação em espaços políticos, agenciamento de políticas públicas, elaboração de campanhas educativas e preventivas, docência, administração de setores executivos e de saúde, promoção de palestras, representação da instituição, dentre outras. O trabalho interdisciplinar mostrou-se como pano de fundo de todas as ações. Para tanto, alguns desafios foram citados quase unanimemente, dentre eles: falta de financiamentos dos projetos para manutenção e pagamento de honorários de uma equipe especializada, falta de apoio governamental, necessidade de um maior posicionamento e comprometimento ético por parte dos profissionais. Observou-se, também, que apesar de uma crescente demanda para o serviço de psicologia, ainda prevalece como modelo a prática que se realiza em consultórios particulares. Entretanto, é relevante ressaltar que já emergem tendências, na psicologia, para a busca de modelos comunitários que possam efetivamente contemplar o humano em uma perspectiva psicossocial e transdisciplinar. De uma maneira geral, os profissionais participantes dessa pesquisa acreditam que a presença do psicólogo nesses projetos possibilita uma melhor compreensão do lado humano e das relações, facilita uma visão ampla e horizontal da realidade, valoriza o trabalho interdisciplinar, permite o atendimento de uma demanda que apresenta várias carências e sofrimentos psíquicos ocasionados, também, pela vulnerabilidade social e enfatiza a criação de vínculos, além de alimentar uma constante reflexão e re-construção do saber psicológico. Nesse sentido, podemos afirmar que a prática no social exige um maior envolvimento e comprometimento ético e político do psicólogo, independente da especificidade do projeto social, da ação realizada ou da metodologia utilizada. Para tanto, é essencial que os projetos incluam em suas metas a capacitação profissional, a construção de uma rede parceira, o trabalho interdisciplinar, a necessidade do apoio governamental e de financiamentos implicados com o todo organizacional. Pretende-se que os resultados desta pesquisa possam contribuir para a formação de uma postura crítica e reflexiva sobre a ação do psicólogo em projetos sociais, de forma a lhe oferecer subsídios para uma ação voltada às necessidades da população que demanda pelos serviços. Também aspiramos a que através desta pesquisa, pautada nas experiências traduzidas pelos participantes, consigamos promover trocas que possibilitem um maior empoderamento dos psicólogos que atuam no social.

Palavras-chave: programas e projetos sociais; psicólogo/as; responsabilidade social; Organizações Nã-Governamentais (ONG).

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/126

 

  • REGINA COELI DE ARAÚJO

Título da dissertação: Do plantio à colheita: a ação do psicólogo e a escuta dos conflitos nas organizações

Resumo: A motivação para desenvolver esse estudo surgiu a partir de uma longa trajetória de trabalho junto a diversas equipes de Recursos Humanos inseridas nas organizações. Durante essa caminhada pôde-se analisar, conviver e intervir em inúmeros conflitos, cujas partes envolvidas, os trabalhadores, apresentavam divergências acerca de processos organizacionais de diversas naturezas. Essa experiência levou-nos a observar que as práticas psicológicas nas organizações parecem privilegiar os aspectos voltados aos objetivos institucionais e gerenciais em detrimento aos aspectos biopsicossociais dos trabalhadores que as demandam. Essa percepção nos impulsionou a investigar a ação do profissional de psicologia nas organizações e a problematizar a sua escuta clínica ao lidar com os conflitos que surgem entre os trabalhadores. De forma específica, nos interessamos por compreender as ações desenvolvidas por esses profissionais e as demandas que emergem dos conflitos vividos no mundo do trabalho. Outra questão, de mesmo peso, diz respeito à contribuição da escuta clínica e da formação em psicologia para as estratégias interventivas adotadas frente ao sofrimento do trabalhador. Soma-se às razões advindas de nossa prática profissional junto às organizações, os estudos e pesquisas desenvolvidas por diversos autores que foram trabalhados ao longo do texto e que serviram de aporte teórico a esta dissertação. Para a compreensão do campo a ser investigado, realizou-se uma entrevista semidirigida com sete profissionais de psicologia que possuem vínculo empregatício na área de Recursos Humanos de suas respectivas organizações, sendo seis da iniciativa privada e uma da administração pública, todas situadas na região metropolitana de Recife/PE. Através da análise dos conteúdos explicitados por eixos temáticos e da elaboração de núcleos de sentidos, as narrativas obtidas permitiram-nos compreender que a ação do psicólogo nas organizações é caracterizada, principalmente, por um discurso e uma escuta calcada nos objetivos institucionais, visando uma operacionalidade e produtividade do trabalhador. Também nos revelaram que são muitos os desafios enfrentados pelos profissionais, considerando-se, sobretudo, a condição de estarem, também, na posição de empregados, fato que favorece a adoção do discurso organizacional, da servidão voluntária e do gerencialismo. Pretende-se que os resultados dessa pesquisa possam contribuir para a formação de uma postura crítica e reflexiva na ação profissional dos psicólogos nas organizações, de forma a lhes oferecer subsídios para uma escuta voltada às reais necessidades dos empregados que demandam pelas suas intervenções. Espera-se, ainda, que este estudo possa oferecer para esses profissionais, uma melhor compreensão dos conflitos que se revelam no âmbito do trabalho, relacionando-os às possibilidades de ressignificação do sofrimento do trabalhador.

Palavras-chave: Ação do psicólogo, escuta clínica, conflitos, sofrimento no trabalho.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/processaPesquisa.php?pesqExecutada=1&id=309

 

11 ª. Turma Mestrado – 2009

  • DANIELLE DE FÁTIMA DA CUNHA CAVALCANTI DE SIQUEIRA

Título da dissertação: Psicodiagnóstico Interventivo / Colaborativo: uma prática psicológica na perspectiva Fenomenológica Existencial

Resumo: Este estudo partiu de inquietações experienciadas pela autora em sua atividade clínica na prática com o Psicodiagnóstico Interventivo, na perspectiva fenomenológica existencial. Sua base fenomenal residiu no relato das experiências clínicas de quatro psicólogos que atuam com o Psicodiagnóstico Interventivo. As narrativas colhidas contemplam o relato oral, desvelando a estória compartilhada afinada com a pluralidade de conceitos da situação e da temporalidade outra, o que permite elaborar e comunicar o sentido do vivido. O caminho percorrido demarca a contribuição da matriz fenomenológica existencial como possibilidade de contribuir para fundamentar a dimensão colaborativa do Psicodiagnóstico Interventivo mediante os fundamentos ontológicos presentes na Analítica Existencial, de Heidegger e na Hermenêutica Filosófica, de Gadamer. As narrativas foram analisadas segundo a Analítica do Sentido, proposta metodológica de compreensão do real desenvolvida por Dulce Critelli. Tal procedimento possibilitou refletir a dimensão colaborativa do Psicodiagnóstico Interventivo implicada na conversação entre psicólogo e cliente ou entre os clientes que participam do grupo de Psicodiagnóstico. Na linguagem gadameriana, todo conversação não se mostra como mera troca de opiniões; para que aja verdadeiramente diálogo é necessário que os parceiros se encontrem abertos à possibilidade de modificação proveniente do diálogo. Para tanto, é necessário uma disposição afetiva de abertura e acolhimento do outro na sua alteridade, o que pressupõe a presença inicial de determinações prévias – horizonte prévio de cada participante. Nessa direção, a dimensão colaborativa é compreendida como “fusão entre os horizontes”, na qual cada componente se determina a partir do modo como se integra ao outro, permitindo uma compreensão outra, comum sobre o fenômeno interrogado. Tal jogo possui uma ação central na hermenêutica gadameriana e, na prática clínica do Psicodiagnóstico, possibilita encontrar outras possibilidades compreensivas que conduzam a outros modos de agir e de lidar com o sofrimento. Tais resultados contribuem para repensar a ação do psicólogo, ampliando as possibilidades de acolher famílias e crianças no contexto das instituições de saúde.

Palavras-chave: psicodiagnóstico interventivo; dimensão colaborativa; ação clínica; fenomenologia existencial; fusão de horizontes.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/145

 

  • RENATA BARRETO

Título da dissertação: O caminho das pedras: conhecendo melhor os usuários de crack do município do Recife-PE

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo geral cartografar a experiência de usuários de crack no municípios de Recife. Este estudo foi desenvolvido nos CAPSad e Instituto RAID. Os entrevistados foram usuários de crack do sexo masculino e feminino, com idade a apartir dos 18 anos, que estavam em tratamento em decorrência desta substancia nas instituições acima citadas durante a coleta de dados. Em cada CAPSad, foi entrevistado um usuário de crack indicado pela equipe técnica que tivesse uma boa organização nas idéias para descrever a sua experiência com crack, e que se disponibilizou a contribuir com a pesquisa através de entrevista semi-estruturadas. No Instituto RAID foram entrevistados seis usuários escolhidos pelos mesmos critérios. A pesquisa desenvolvida foi qualitativa de inspiração fenomenológica pautada no pensamento de Husserl e no método proposto por A. Giorgi. Este método inclui, basicamente, os seguintes passos: O sentido do todo, a partir da leitura do depoimento do sujeito; Discriminação do depoimento em Unidades de Significados; Compreensão psicológica de cada Unidade de Significado; Síntese de cada depoimento expressa como estrutura da experiência; e a Composição de uma síntese geral que apresenta a essência do fenômeno para todos os sujeitos investigados. A identificação dessas Unidades de Significado nas experiências dos usuários apontou aspectos diversos sobre o tema tais como: A experiência de ser dependente do crack; o que levou os usuários a consumirem essa substancia; qual o significado do crack na vida desses usuários; quais as situações vividas no consumo desta droga; o prazer da morte pela pedra; a culpa sentida por ceder à compulsão; as perdas diante da pedra; a família como fator importante na busca por um tratamento; o crack e a violência; as dificuldades e sucessos no tratamento; o estigma do usuário de crack e o descontrole vivenciado por alguns usuários. Diante da complexidade de questões trazidas nas experiências dos usuários entrevistados, grandes desafios estão postos para as equipes que trabalham no tratamento dos usuários de crack. Torna-se fundamental uma reflexão continua sobre essa prática.

Palavras-chave: Crack, experiência, Unidades de Significado.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/138

 

  •  WELLINGTON MARTINS DE LIRA

Título da Dissertação: Instituições de Segurança Pública e Práticas Psicológicas: a segurança emocional dos agentes de segurança

Resumo: A crise na segurança pública brasileira direciona os olhares para as chamadas forças de segurança pública. Especialistas afirmam o isolamento e a falência das mesmas , que não estão preparadas para a democracia e as exigências do mundo contemporâneo. Os agentes de segurança pública, paradoxalmente, muitas vezes têm provocado violência, em vez de combatê-la e mesmo grupos de elite vêm protagonizando ações desastrosas. Ex-integrante da Polícia Militar do Estado de Pernambuco e partindo de uma motivação encarnada no próprio corpo, na medida em que sofreu na pele a dor imposta aos agentes de  segurança pública, tanto pela natureza da função quanto pela dinâmica institucional, o autor propôs-se a  lançar um olhar diferente sobre o tema, buscando uma articulação, uma triangulação entre instituição de segurança pública, prática psicológica e o termo que cunhamos como “segurança emocional”. A experiência como agente de segurança pública, aliada ‘a formação psicológica e aos estudos e pesquisas desenvolvidas por diversos autores , contribuíram para a compreensão do campo a ser investigado e, para tanto, realizado entrevistas semi-dirigidas com doze profissionais psicólogos e doze agentes de segurança pública do Estado de Pernambuco, todos da Região Metropolitana do Recife-PE. Através de uma abordagem compreensiva e da análise dos conteúdos explicitados em eixos temáticos e núcleos de sentido, as narrativas dos entrevistados possibilitaram a compreensão de que, apesar dos esforços dos profissionais psicólogos e da percepção da necessidade por parte dos agentes de segurança pública, a ação clínica psicológica ainda é pífia em relação ás necessidades, conforme afirmam ambos os seguimentos. A falta de uma percepção adequada pela instituição de segurança pública quanto à importância da dimensão psicológica tem contribuído para o sofrimento dos agentes de segurança e psicólogos, e interferido no resultado de suas práticas. Os desafios são grandes e sua superação, certamente, contribuirá significativamente com a segurança pública cidadã e o chamado pacto pela vida, adotados pelo Governo de Pernambuco. Esperamos que os resultados dessa pesquisa contribuam para a formação de uma postura crítica e reflexiva da ação dos profissionais psicólogos em instituições de segurança pública, a melhoria da qualidade dos serviços dirigidos à sociedade, pela contribuição aos atores e gestores desse segmento.

Palavras-chave: Práticas psicológicas clínicas, sofrimento, segurança pública.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/142

 

12 ª. Turma Mestrado – 2010

  • MARIA EUGÊNIA CALHEIROS DE LIMA

Título da Dissertação: A plenitude humana e o cuidado integral na perspectiva de Viktor Frankl

Resumo: Este artigo teve como objetivo geral compreender a concepção do humano na perspectiva de Viktor Frankl. Os objetivos específicos foram estudar os fundamentos filosóficos e antropológicos do seu pensamento sobre o homem; pesquisar os significados do seu Experimentum Crucis; e, ainda, elucidar a sua Ontologia Dimensional. O estudo optou pela metodologia qualitativa na perspectiva fenomenológica existencial, através de pesquisa bibliográfica realizada a partir de obras selecionadas pela concernência ao tema, na literatura do autor e de alguns de seus principais intérpretes. Lançou-se mão do método analítico de Critelli para a compreensão do Experimentum Crucis frankliano. As conclusões revelaram elementos filosóficos agostinianos e tomísticos na concepção frankliana de “plenitude humana” como autotranscendência, assim como mostra fortes influências da axiologia de Max Scheler e da ontologia fundamental de Martin Heidegger. Contudo, apesar da influência de uma gama de autores com perspectivas epistemológicas diversas, este estudo revela a originalidade e a unidade interna do pensamento de Viktor Frankl sobre o humano.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/172

 

  • JOSEMARY KARLLA CHAVES DA COSTA

Título da Dissertação: A equipe de saúde em uma UTI geral-adulto, a experiência de cuidar da vida e da morte

Resumo: Esta pesquisa é fruto de inquietações e questionamentos da pesquisadora em uma UTI geral/adulto, seu campo de ação clínica. A questão que norteou a pesquisa buscou compreender a experiência de uma equipe de saúde em uma UTI/geral adulto. A interrogação inicial desdobrou-se em novas perguntas: como as ações da equipe podem ser complementares no contexto da UTI, cuja prioridade é salvar a vida do paciente, considerando, também, o cuidado integral do paciente. Como a equipe lida com as questões da morte e do morrer em seu cotidiano de trabalho, e quais as repercussões dessa experiência no modo como acontecem as intervenções junto ao paciente e familiares? Quais os prejuízos decorrentes da fragmentação do saber na modernidade, nas ações da equipe de saúde na situação de intervenção em uma UTI geral/ adulto. E quais as possíveis contribuições da ação clínica do psicólogo, fundada numa perspectiva fenomenológica existencial, no modo de funcionar da equipe de saúde. A dissertação está organizada em três artigos: dois teóricos e um empírico. O primeiro artigo teórico, trata da ação de uma equipe de saúde em UTI, teve como metodologia a pesquisa bibliográfica. Em seu desenvolvimento, busca traçar o surgimento da UTI e a evolução da assistência hospitalar ao doente grave, ressaltando os eminentes personagens da história do intensivismo; caracteriza o modelo atual de UTI no Brasil e descreve como a equipe multiprofissional foi se estabelecendo neste contexto de ação; apresenta, ainda, o cotidiano de trabalho da equipe e o quanto sua rotina é atravessada pelas questões da vida e da morte. O segundo artigo, também com metodologia bibliográfica, enfoca o acontecer da equipe de saúde em uma Unidade de Terapia Intensiva. Para tanto, aborda a fragmentação do saber na modernidade e sua ressonância na prática do profissional de saúde, delineando o fenômeno da hiperespecialização e as relações disciplinares; além disso, demarca a ação do psicólogo na equipe da UTI, numa perspectiva da fenomenologia existencial. Por fim, o terceiro artigo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa qualitativa de cunho fenomenológico. A questão da pesquisa, vinculada aos objetivos da dissertação, foi trabalhada em um encontro com seis profissionais de saúde que fazem parte de equipes multidisciplinares em um Centro de Terapia Intensiva de um hospital da rede privada na cidade de Recife, cujos dados foram analisados a partir da Analítica de Sentido de Critelli. Como resultado observou-se que uma única área de conhecimento não pode dar conta da complexidade do fenômeno do adoecimento; que o trabalho em equipe exige colaboração, de modo que as ações no campo possam revelar uma “fusão de horizontes”, com possibilidades para o iniciar de uma outra/nova compreensão da ação em con-junto.

Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva, equipe de saúde, Fusão de Horizontes, Fenomenologia Existencial.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/169

 

  •  PÁCIFER MAIA SABIÁ

Título da Dissertação: Diálogo como comunicação e co-elaboração: possibilidade de intervenção psicossocial

Resumo: O objetivo geral desta pesquisa foi caracterizar o Diálogo como possibilidade de atenção psicológica à compreensão de processos psicossociais no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Casa Verde, unidade do Hospital Escola Portugal Ramalho (Hepr) da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). Trata-se de uma modalidade de prática condizente com os princípios do pensamento psicossocial de Paulo Freire, pressupondo relações intersubjetivas que transcendem sua imediaticidade, atingindo outras dimensões da vida social. A pesquisa justifica-se pela possibilidade de apresentar e caracterizar uma nova práxis de atenção psicológica que congrega, a um só tempo, a participação de todos os atores sociais que transitam na Instituição, voltados à busca de compreensão acerca de inúmeras questões que atravessam o seu cotidiano, demandando por posicionamentos éticos e políticos; além de poder vir a contribuir  para pensarmos tal modalidade em outros espaços sociais. Nesta perspectiva, buscamos, ainda, nos aproximar do pensamento do psicólogo social Fernando L. González Rey, considerando o diálogo como estratégia possibilitadora de uma atenção psicológica inerente à clínica psicossocial. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, sob uma perspectiva psicossocial, e interventiva, visto que a análise das implicações daqueles que integram o campo de intervenção permite acessar os processos subjetivos e institucionais dos atores sociais envolvidos. Os sujeitos da pesquisa foram escolhidos intencionalmente, considerando a participação dos usuários, estagiários, visitantes e funcionários do CAPS- Casa Verde nos grupos de Diálogo, não havendo, portanto, um número predeterminado destes.  Realizaram-se seis encontros do Diálogo, com regularidade semanal e duração de uma hora cada, sendo os temas discutidos relacionados às motivações, necessidades e interesses do próprio grupo participante. O desenvolvimento dos grupos também contou com a presença de uma co-facilitadora que, além de nos ajudar, foi convidada para uma entrevista visando avaliar as possíveis ressonâncias do trabalho grupal para aqueles que dele participaram. Foi também construído um diário de campo para o registro de aspectos e fenômenos relacionados ao trabalho desenvolvido. Para o processo de compreensão do material, utilizamos a metodologia proposta por González Rey, na qual se privilegia a produção de indicadores para a análise das temáticas emergidas nos grupos de Diálogo a partir dos núcleos de sentidos construídos. A análise deste material revelou-nos que o grupo Diálogo desenvolve um caráter ético/político, psicossocial e pedagógico em sua produção de cultura e conhecimento, contribuindo para a elaboração do sofrimento e das questões apresentadas na perspectiva da produção de uma subjetividade crítica.

Palavras-chave: Grupo Diálogo; Diálogo/escuta; Subjetividade; Instituição.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/157

 

  • WALESKA DE CARVALHO MARROQUIM MEDEIROS

Título da Dissertação: A clínica psicológica e a compreensão da experiência da espiritualidade de pacientes em cuidados paliativos

Resumo: Com o avanço dos recursos científico tecnológicos da medicina, a expectativa de vida vem crescendo de forma substancial nas últimas décadas. Doenças,  que no passado eram letais, são hoje passíveis de tratamento. Enfermidades que não apresentavam perspectiva de cura tiveram seu curso e evolução alterados assegurando um aumento na sobrevida dos pacientes. A busca pelo prolongamento e manutenção da vida ao longo dos tempos, foi se configurando como esforços de distanciamento e negação da morte, por vezes, através de tratamentos obstinados e fúteis. A ampliação da  quantidade de vida passou a ocupar lugar privilegiado na assistência.  Diante do aumento de pacientes gravemente enfermos ou fora de possibilidade terapêutica, os embates da comunidade científica acerca da qualidade de vida se voltam para a necessidade de integração de outras dimensões do cuidado ao paciente inserido em programas de cuidados paliativos, além do foco estritamente físico e biomédico. Nesse sentido, a espiritualidade vem sendo apontada como importante aspecto da dimensão existencial,  causadora de grandes impactos na saúde física, sobretudo, em doentes no final da vida. Este trabalho tem por objetivo compreender a clínica psicológica e a experiência da espiritualidade de pacientes inseridos em programa de cuidados paliativos em hospital público da cidade do Recife através de pesquisa qualitativa, com recorte de amostra intencional devido às especificidades do tema. Buscou apresentar os princípios dos cuidados paliativos apontando o manejo da equipe de saúde ao paciente fora de possibilidade terapêutica de cura; identificar as reflexões apresentadas pela Psicologia entre a prática psicológica e a experiência de espiritualidade; apresentar contribuições que possibilitem reflexão no cuidado integral oferecido ao paciente gravemente enfermo, tendo em vista a oferta de melhor qualidade de vida.

Palavras-chave: Clínica psicológica; Cuidados paliativos; Experiência da espiritualidade.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/174

 

13 ª. Turma Mestrado – 2011

  • ANA MARIA SÁ BARRETO MACIEL (**)

Título da Dissertação: As ações de cuidado de profissionais de saúde implicados no Programa de Humanização do Parto

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo geral compreender os sentidos do cuidado na ação clínica de profissionais de saúde inseridos em uma maternidade do interior de Pernambuco implicados no Programa de Humanização do Parto (PHP), a partir das concepções de humanização, acolhimento e cuidado definidos pelo programa. Como objetivos específicos: analisar o PHP do Ministério de Saúde nas referidas concepções; descrever os modos de cuidado dos profissionais de saúde que participam do PHP e compreender os sentidos que estes profissionais dão à sua ação clínica. Incluiu 06 (seis) participantes, integrantes do quadro funcional da maternidade referida, que receberam treinamento e qualificação para atuarem na perspectiva do Programa de Humanização do Parto. A metodologia incluiu em uma primeira fase uma investigação de natureza documental para pesquisarmos a concepção de humanização que está na raiz dos treinamentos oferecidos as equipes que participam do PHP. Em um segundo momento adotou-se o enfoque qualitativo numa perspectiva clínica interventiva a partir do modo de compreensão fenomenológico existencial. O método cartográfico, que expõe desenhando e desvelando o cenário da pesquisa e o caminhar do pesquisador foi considerado nesta pesquisa. Os instrumentos foram o diário de campo do pesquisador e os depoimentos (com pergunta disparadora) dos profissionais de saúde (sujeitos colaboradores). As narrativas consequentes, fundamentadas, como possibilidades de elaboração da experiência vivida, foram guiadas pelas leituras de Benjamin (1999). Como procedimento de análise, tomou-se a hermenêutica filosófica tal como pontuada por Gadamer (2005). As narrativas desvelaram que as questões que nortearam nossa pesquisa afetam profundamente os participantes. A visão técnica que guia as reflexões sobre a forma de conceber o cuidado na ação clínica e a construção do modelo biomédico aplicado na assistência ao parto, nas quais os profissionais de saúde estão atrelados são algumas das temáticas que permearam as narrativas. Assim, a pesquisa pode contribuir para que os participantes pudessem tematizar sobre a possibilidade de conceber o homem, o mundo e a própria ciência de outros modos que os contemplados exclusivamente pela visão tecnicista.

Palavras-chave: Cuidado, parto humanizado, Fenomenologia Existencial, hermenêutica, Ação Clínica.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/175

 

  • ANA PAULA NORIKO CIMINO

Título da Dissertação: Cuidado e Técnica Moderna: indicadores para discussão da violência à luz das críticas empreendidas à supremacia da razão instrumental no pensamento contemporâneo

Resumo: O estudo desenvolvido privilegiou uma leitura compreensiva fundada na critica à razão instrumental e ao domínio da técnica. Para tal exercício buscamos, a princípio, realizar uma leitura do panorama histórico-filosófico sobre o conceito de “cuidado de si mesmo” a partir da obra A Hermenêutica do Sujeito de Foucault. Nessa direção, a fim de problematizar as repercussões da técnica moderna no mundo contemporâneo buscamos, nas principais obras de Heidegger, a crítica por ele empreendida à razão instrumental. As veredas criadas pelas reflexões heideggerianas possibilitaram realizar uma reflexão sobre a dimensão ético-política do cuidado, empreendidas, sobretudo, a partir das contribuições de Arendt. Nesse aspecto, a violência contra crianças e adolescentes foi problematizada como uma possibilidade de visualizar concretamente os efeitos do pensamento metafísico na sociedade contemporânea. Para tanto, foi realizada uma análise documental dos Relatórios Anuais da Gerência de Análise Criminal e Estatística da Secretaria de Defesa Social do Estado de Pernambuco dos anos de 2007 a 2011. Tal análise, produziu indicadores até então não contemplados na literatura a fim de subsidiar compreensões a respeito do fenômeno em questão

Palavras-chave: cuidado; técnica moderna; pensamento contemporâneo; violência.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/230

 

  •  ANANDA KENNEY DA CUNHA NASCIMENTO

Título da Dissertação: Implicações da Ação Clínica dos Acompanhantes Terapêuticos nas Redes Sociais da Cidade de Recife- PE

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo geral: compreender a ação clínica dos Acompanhantes Terapêuticos (Ats), em suas diferentes possibilidades, nas redes sociais da cidade de Recife-PE e, como objetivos específicos: descrever a atividade dos Acompanhantes terapêuticos como modalidade de ação clínica; descrever as diferentes possibilidades de ação clínica dos Acompanhantes terapêuticos e compreender a experiência dos Acompanhantes terapêuticos em sua ação clínica. Realizamos um estudo de natureza qualitativa, de cunho fenomenológico existencial. Como instrumento metodológico foi utilizada a narrativa colaborativa. Em um primeiro momento, individualmente, cada participante se expressou livremente. Em um segundo momento, realizamos um encontro grupal com os mesmos participantes, onde foi solicitado a estes que se dispusessem à conversação sobre suas experiências uns com os outros, favorecendo uma possibilidade de encontro entre eles. Participaram 5 (cinco) Ats que têm experiência, em Recife-PE, com pessoas em sofrimento psíquico, físico ou ambos com dificuldade de inserção social. No processo de interpretação dos dados fizemos uso da hermenêutica filosófica de Gadamer, a qual fundamentou toda a trajetória desta pesquisa e que consiste no entendimento que toda compreensão do homem é uma interpretação das condições históricas advindas da tradição, da qual ele faz parte. Deste modo, chegamos a uma narrativa final que foi construída a partir do diálogo entre os participantes, a pesquisadora e os textos dos teóricos que embasaram esta pesquisa. Como resultados, a partir das narrativas, trouxemos a clínica do Acompanhamento Terapêutico em suas diferentes possibilidades de ação clínica com as especificidades inerentes ao seu campo de atuação, a partir da experiência de quem a pratica. Nessa direção, percebemos que os Ats estão inseridos nos seguintes seguimentos de ação clínica: acompanhamento clínico a clientes, particular ou institucional, formação, supervisão e pesquisa. No entanto, constatamos que eles estão operacionalizando ações segregadas, com trabalhos desenvolvidos em pequenas equipes. Por outro lado, os Ats demonstraram almejar uma organização, através de uma vivência grupal, que objetiva incluir e agregar a classe de profissionais que estão atuando no campo. Essa perspectiva aponta para a busca de um lugar cada vez mais delimitado, o que inclui organização, institucionalização, formalização e profissionalização dos Ats.

 Palavras chave: Acompanhante terapêutico; ação clínica; redes sociais; hermenêutica.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/173

 

  • ANDREA CRISTINA TAVELIN BISELLI

Resumo da Dissertação: Grupo de pais no psicodiagnóstico colaborativo: uma compreensão fenomenológica existencial

Este estudo parte das inquietações vividas pela autora a partir da experiência na modalidade de prática psicológica do Psicodiagnóstico Colaborativo com pais e crianças em grupo, numa perspectiva fenomenológica existencial. Objetiva compreender a experiência de grupo de pais em tal modalidade de prática psicológica. Sua base fenomenal reside em quatro relatos de experiências de pais que vivenciaram o atendimento em grupo no processo do Psicodiagnóstico Colaborativo realizado na clínica-escola da Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, entre os anos 2010 e 2012. Como acesso a experiência dos sujeitos colaboradores lançou-se mão da entrevista narrativa. Enquanto instrumento, a entrevista narrativa se fundamenta na ideia do narrador de Walter Benjamim (1994) que ao articular narrativa e experiência, possibilita ao narrador (participante) elaborar e transmitir suas experiências acerca da temática pesquisada. Outro instrumento utilizado foi o “Diário de Bordo” (ou Diário de Campo), que se constitui da narrativa-escrita dos sentimentos e impressões vivenciadas pelo pesquisador nos atendimentos aos clientes. A análise das narrativas fundamentou-se na proposta da filosofia hermenêutica de Gadamer considerada como uma das epistemologias privilegiadas para pesquisa qualitativa. O diálogo, a conversação entre psicólogo e clientes e entre clientes, dispostos a se colocarem nesse jogo compreensivo, possibilitou a ampliação da queixa trazida como motivo da consulta, permitindo a explicitação e apropriação da demanda via a fusão de horizontes dos sujeitos colaboradores. A situação de grupo de pais no Psicodiagnóstico Colaborativo, num primeiro momento, permitiu a apropriação e expressão da disposição afetiva de medo e resistência diante de uma situação não conhecida. A vivência da experiência grupal afetou cada um dos participantes possibilitando-lhes outro modo de estar e sentir a situação de grupo, a qual passou a ser percebida como acolhedora e facilitadora da expressão dos sofrimentos e sentimentos. Tal movimento propiciou, aos participantes, compreender a demanda manifesta, permitindo uma apropriação dos seus sentimentos com a tematização de outras possibilidades compreensivas, aliadas ao movimento de abrir-se para o outro, ao mesmo tempo em que permitiu um não centrar-se em seus problemas, considerados, inicialmente, como únicos. Por último, destaca-se a narrativa das experiências como facilitando a apropriação do modo como cada um cuidava de si e dos outros – no caso, da família. Percebeu-se que, a apropriação da vivência afetiva e singular da experiência, pôde colocar em movimento outros modos de estar e se relacionar com o mundo e com os outros, mais próprios, menos gerenciados pelo público.

Palavras-chave: Grupo de pais; psicodiagnóstico colaborativo; ação clínica; fenomenologia existencial; fusão de horizontes.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/848

 

  • LEILANE ALMEIDA PAIXAO (**)

Titulo da dissertação : Violência e Sofrimento nas Relações Íntimo-afetivas: Possibilidades Compreensivas no Contexto de uma Delegacia da Mulher

Resumo: O presente estudo teve como objetivo compreender o modo como se desvela o sofrimento, decorrente da violência nas relações íntimo-afetivas entre homens e mulheres, numa delegacia da mulher. Nesse trabalho, buscou-se pensar a violência relacionada a um mal-estar na contemporaneidade, vislumbrado pelo advento da técnica moderna e suas implicações para o Dasein, em seus modos de pensar, ser e estar no mundo. Para tanto, foi desenvolvido um estudo qualitativo, baseado na perspectiva fenomenológica existencial heideggeriana. Como estratégias de ação, foram realizados três meses de observação participante na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) de Recife-PE, bem como entrevistas narrativas de cunho etnográfico com 05 colaboradores: 03 mulheres e 02 homens. O conteúdo dos diários de bordo da pesquisadora, produzidos durante as observações, bem como as narrativas dos colaboradores, foram compreendidos à luz da Analítica do Sentido de Critelli (1996). As experiências observadas em campo e trazidas a partir das narrativas apontam para sentidos cristalizados nos modos de ser-com-o-outro, que se apresentam no cotidiano da DEAM através de cenas e queixas de ciúmes, sentimentos de posse, controle, tentativas de restrição do poder-ser do outro, rigidez nas posições binárias de gênero. Predominam nestes modos de ser-com, relações utilitárias em que o outro parece se configurar como instrumento a ser utilizado para algum benefício. Desvelam-se, ainda, nesse contexto, concepções sobre a violência mergulhadas no vazio impessoal, pautadas na falta de reflexão e em valores sociais pré-formatados que, por vezes, naturalizam a violência como única possibilidade de ser-com-o-outro em situações de conflito. Nesse contexto, a delegacia passa a ser convocada para que, através da lei, sejam adotadas medidas punitivas, repressivas e protetivas, na busca de aplacar a ignorância e amortecer a dor. Contudo, observa-se que, muitas vezes, a lei não consegue dar conta dessa violência que se alastra, tampouco de amparar o sofrimento das pessoas. Conclui-se que se faz cada vez mais importante problematizar, a partir de um pensamento que medita, a intensificação da violência e do desamparo na contemporaneidade, ensejada pelas implicações niilizantes da técnica moderna. Além disso, na medida em que o contexto sociocultural parece apontar para uma banalização do sofrimento humano, torna-se crucial pensar o acolhimento às mulheres e aos homens em situação de violência, a partir de uma ação clínica que não se deixe capturar pelos estereótipos binários “vítima versus agressor”, “culpado versus inocente”, “masculino versus feminino”; mas que abarque o humano, considerando esse seu momento histórico de desvelamento do ser.

Palavras chave: sofrimento humano; violência; relações íntimo-afetivas; contemporaneidade.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=948

 

14 ª. Turma Mestrado – 2012

 

  • MARIA DAS GRAÇAS DINIZ (*)

 

Resumo da Dissertação: A dor de um doce lar: narrativas da violência doméstica

O estudo da violência doméstica é um tema de suma importância que vem despertando interesse por parte de pesquisadores das ciências humanas e sociais. Com o intuito de contribuir para o aprofundamento desta temática, esta pesquisa teve como objetivo compreender a experiência de mulheres em situação de violência doméstica e os modos como estas mulheres subjetivam esta violência. Trata-se de um trabalho que pretendeu colocar em pauta a necessidade de uma organização de serviços voltados a esta população, assentados na atenção global, considerando as diferentes demandas pertinentes à saúde, proteção social e jurídica. A importância dada ao problema é fruto da crescente conscientização acerca das desigualdades de gênero, do paulatino reconhecimento dos direitos da mulher e das consistentes evidências da grande magnitude do fenômeno em escala mundial. As participantes desta pesquisa foram mulheres que estão em situação de violência doméstica residentes na cidade do Recife/PE e em Afogados da Ingazeira/PE – Sertão do Pajeú que procuram os serviços do Grupo Mulher Maravilha – organização não-governamental. O instrumento utilizado para nos aproximarmos do fenômeno foram entrevistas semidirigidas, realizadas individualmente. Os dados coletados foram agrupados em eixos temáticos para, a partir daí, compreendê-los segundo seus núcleos de sentido. Os dados analisados mostram a dificuldade que as mulheres encontram em romperem com a violência sofrida, deixando expor o seu aprisionamento por diferentes motivos: o medo de o companheiro matá-la; o receio de que os filhos venham sofrer com a possibilidade de verem o pai preso; o valor creditado ao casamento e a família; sentem pena do companheiro por ser um alcoolista ou por está desempregado; e por não encontrarem ajuda efetiva dos órgãos de defesa da mulher. Vale ressaltar que esses dados corroboram que as raízes da violência doméstica contra a mulher estão fundadas em uma sociedade que se constituiu baseada em um sistema patriarcal, fruto da desigualdade entre homens e mulheres de diferentes raças, etnias, classe social e cultural. Portanto, observa-se a violência como uma questão complexa, bem como as soluções políticas para a sua prevenção e erradicação, requerendo uma compreensão ampla do problema. Por outro lado, a pesquisa mostra a importância da psicologia clínica no processo de ruptura da violência doméstica, contribuindo para um resgate da auto-estima e da autonomia das mulheres, na tentativa de elas romperem o ciclo da violência e os pactos conjugais e domésticos a que estão submetidas.

Palavras-chave: Mulher, gênero, violência doméstica.

Trabalho disponível em: http://www.unicap.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=484

 

  • ELLEN FERNANDA GOMES DA SILVA

Título da Dissertação: A “cegonha tecnológica” no caminho do projeto parental: dialogando com a experiência de homens (in)férteis.

Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo geral compreender a experiência de homens que vivenciam a infertilidade. E, especificamente, enfocou interpretações da masculinidade e infertilidade, contextualizando-as na contemporaneidade; apresentou a perspectiva fenomenológica existencial como possibilidade para tematizar o fenômeno do corpo enquanto expressão da existência; bem como descreveu e compreendeu a experiência de homens, na condição de inférteis, os quais procuram o serviço de Reprodução Humana Assistida do Instituto Materno Infantil de Pernambuco – IMIP. De natureza qualitativa, esta investigação está afinada à perspectiva fenomenológica hermenêutica, privilegiando a compreensão interpretativa fundada na Hermenêutica Filosófica de Gadamer, vinculada às compreensões ontológicas heideggerianas. Para acesso à experiência foi escolhida a narrativa, colhida tanto dos colaboradores, quanto dos registros feitos no “diário de bordo” da pesquisadora, a partir da sua inserção no lócus da pesquisa. Os relatos dos colaboradores apontaram para dificuldades vividas durante a tentativa de métodos de Reprodução Assistida, as quais levaram a experiências de desconforto, bem como de desesperança frente a burocracia e morosidade dos serviços. Aproximando-se desta via compreensiva, a possibilidade de procriação “artificial” foi revelada com certa estranheza, ressaltando a supervalorização da parentalidade biológica. Em tal cenário, os interlocutores narraram sua vivência frente aos procedimentos técnicos/médicos, desvelando de um lado a utilidade da técnica no projeto parental e, de outro, o seu domínio na hegemonia do discurso científico, bem como na compreensão do corpo masculino como matéria-prima a ser explorada e aperfeiçoada.

Palavras-chave: Fenomenologia Existencial; Infertilidade; Masculinidades; Parentalidade; Técnica.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/201

 

15ª . Turma Mestrado – 2013

  • ALINE AGUSTINHO DA SILVA

Título da dissertação: A compreensão da experiência do adoecer pela perspectiva de pessoas com câncer hospitalizadas: um olhar fenomenológico existencial

Resumo: Sendo um fenômeno que permeia o existir, o adoecer se torna alvo importante de reflexões para diferentes abordagens. Enquanto experiência do humano, possui caráter científico, mas principalmente singular a partir de uma postura não redutora quanto à concepção de pathos. Concebendo a apropriação do homem no que diz respeito às suas formas de comunicação consigo e com o mundo, são observados diferentes modos de ação dos pacientes hospitalizados que lidam com o adoecer de câncer. Enquanto uns não conseguem dar qualquer sentido à vivência desse fenômeno, outros vislumbram o adoecer como horizonte de crescimento em suas jornadas de vida. A partir do conhecimento de que tantos outros modos de estar no mundo podem se fazer presentes entre essas pessoas, este estudo tem como objetivo geral a busca pela compreensão da experiência do adoecer pela perspectiva de pessoas com câncer que se encontram hospitalizadas. Pesquisar sobre a vivência de internamento em enfermaria oncológica e compreender o desvelamento de sentidos na experiência do adoecer com câncer constituem os objetivos específicos. Visando conciliar a proposta desta pesquisa com o conhecimento prático adquirido pela pesquisadora enquanto psicóloga hospitalar, foram utilizados como instrumentos a entrevista geradora de narrativa e o diário de campo. Os dados foram coletados em hospital de grande porte da cidade de Recife PE, numa enfermaria de oncologia, com participantes de ambos os sexos e idade mínima de 18 anos. Tendo como fundamentação teórica os estudos do psiquiatra Viktor Frankl, os dados foram analisados a partir da perspectiva da filósofa Dulce Critelli no que se refere ao movimento de desvelamento do fenômeno, e de Gadamer, com sua noção de conversação e fusão de horizontes. Como resultados foram obtidas narrativas que propiciam o desenvolvimento de novos olhares para o fenômeno do adoecer, desmistificando alguns pensamentos culturalmente estabelecidos que restringem a vivência do câncer ao sofrimento intenso e inevitável.

Palavras-chave: Psicologia hospitalar, câncer, oncologia, Psicologia Clínica.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/227

 

  • MARIA JOSÉ HERÁCLITO DE AQUINO OLIVEIRA

 Título da dissertação: O lugar da técnica moderna na transformação dos ambientes e suas repercussões no existir humano

Resumo: Diante das diversas modificações ambientais que o mundo vem experienciando, incluindo as transformações do espaço urbano, essa dissertação teve como objetivo estudar o lugar da técnica moderna no fenômeno das desapropriações em uma comunidade pobre e suas repercussões no existir humano. Num primeiro momento apresenta-se brevemente o percurso percorrido pela Psicologia Ambiental, vertente da Psicologia que busca compreender o ser humano frente ao ambiente, em diálogo com outras disciplinas como a Geografia, Arquitetura e Urbanismo, e Biologia. O segundo momento é composto por uma apresentação de fragmentos da obra de Heidegger que, ao perguntar pelo sentido de ser também pergunta pelo sentido de seu habitar e como esse habitar se faz importante para o próprio constituir-se do ser- aí enquanto ser-no-mundo. O trabalho foi realizado a partir da experiência de desapropriação vivida por um grupo de moradores do canal Ibiporã, na comunidade do Coque, localizada na região central da cidade do Recife. Esses moradores, enquanto colaboradores desse trabalho, foram entrevistados com o objetivo de compreender o fenômeno de serem deslocados de suas casas para que uma obra pública fosse executada. Para isso, foi feita uma observação participante em encontros desse grupo a fim de encontrar os cinco colaboradores para essa pesquisa. A partir daí foi utilizada a entrevista narrativa proposta por Flick, assim como o diário de bordo trabalhado por Aún para somar a experiência da pesquisadora à investigação. Como resultados foram encontrados alguns núcleos de sentido como a importância da história da comunidade na vida dos entrevistados, assim como a importância da rede de apoio encontrada no lugar. Também emergiu como núcleo da trama de sentidos os sentimentos de impotência e vergonha diante de uma situação de remoção imposta, o que também foi visto como um incentivo à ocupação irregular dos espaços, configurando um tipo de ciclo vicioso. O apego ao lugar ficou bem marcado nas entrevistas, assim como as dúvidas e a angústia que surgem com relação a um futuro que se torna ainda mais incerto, a partir de diversas mudanças de hábito. Mas, para além de todos esses sentimentos, também é possível ver como essa história de descaso com as pessoas e os lugares tem incentivado esses moradores do Coque a se envolverem com suas existências, formando-se politicamente e/ou valorizando seus espaços.

Palavras-chave: Psicologia Clínica, Psicologia Ambiental, Homem, Influência do meio ambiente, Aspectos psicológicos.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/242

 

  • MÉRCIA GOMES DA SILVA

Título da dissertação: A presença da linguagem plástica na ação clínica: diálogos com a perspectiva fenomenológica existencial

Resumo: Este estudo parte de interrogações provenientes da experiência da autora como psicóloga em diferentes contextos clínicos, nos quais utilizou a expressão plástica. Objetiva compreender como se dá a presença da linguagem plástica na ação clínica em uma perspectiva fenomenológica existencial, além de apresentar a presença da linguagem plástica em diferentes práticas clínicas e discutir a ação clínica psicológica sob uma perspectiva fenomenológica existencial. Sua base fenomenal acolhe a experiência da pesquisadora e de psicólogas clínicas que se dispuseram a participar como interlocutoras. O procedimento de colheita das narrativas aconteceu via entrevista/depoimento, que permitiu o compartilhamento de experiências sobre o fazer clínico das participantes e via Diário de Bordo para registro da experiência da autora/pesquisadora. Através deste contexto, percorre-se sentidos traçados em diferentes modalidades de práticas clínicas desenvolvidas pelas quatro interlocutoras, objetivando oferecer suporte psicológico àqueles que buscam (re) pensar sobre o cuidado e o modo como conduzem suas existências. A aproximação e interpretação das experiências, inspirada na Analítica do Sentido desenvolvida por Dulce Critelli, aponta como a linguagem plástica pode assumir uma posição de presença e entrelaçamento com o trabalho clínico, de modo que, de tão entremeadas que se apresentam e acontecem, não é possível reduzi-las a uma lógica de mero uso ou aplicação técnica. Nessa direção, a linguagem plástica é refletida como mais próxima de uma dimensão poética e gestual, uma vez que foge às relações causais e explicativas tal como cotidianamente a linguagem tem sido moldada em nosso tempo. São tecidas considerações que apontam para um entendimento de que a ação clínica, em um movimento de errância e construção de sentidos, contribui para que as pessoas possam implicar-se e cuidar de suas existências a partir da ampliação da experiência que fazem com a própria linguagem. Perspectiva esta atrelada a uma noção que considera a íntima relação entre ser, sentir, pensar e agir no mundo. Desse modo, compreende a ação clínica como uma oportunidade de escuta e acolhimento às dimensões ética, estética/sensível e poética que compõem a existência, valorizando o horizonte compreensivo do cliente/usuário/grupo para que possa se apropriar do modo como está sintonizado no mundo.

Palavras-chave: Psicologia, Fenomenologia Existencial, Arte-terapia, Criatividade, Arte.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/224

 

  • SACHA LIMA PINHEIRO

Título da dissertação:  Práticas psicológicas promotoras de saúde do servidor do INSS

Resumo: A partir de 2008, com a implementação da Política de Atenção à Saúde e Segurança no Trabalho do Servidor Público Federal Pass, intensifica-se o debate nas diferentes organizações da Administração Pública Federal quanto ao cuidado com seus servidores, com especial preocupação com a promoção da saúde. A concretização da política se dá por meio da implantação de unidades de saúde conduzidas por equipe multiprofissional, na qual o psicólogo tem papel fundamental. A experiência profissional da pesquisadora como psicóloga de uma das unidades sediadas no INSS fomentou o desejo de compreender como vem sendo desenvolvidas as práticas psicológicas promotoras de saúde voltadas ao servidor nesta organização, tendo em vista os desafios percebidos quanto ao desenvolvimento de ações de promoção de saúde do trabalhador no espaço organizacional e quanto ao delineamento do papel do psicólogo nas políticas públicas. Foram entrevistados 06 (seis) psicólogos do INSS, utilizando-se a narrativa como instrumento de pesquisa qualitativa. Partindo da perspectiva hermenêutica filosófica de Gadamer, o encontro entre a pesquisadora e os narradores propiciou a fusão de horizontes compreensivos e construção de sentidos sobre o fenômeno investigado. As compreensões tecidas apontam para um importante momento de questionamento de ações de promoção de saúde pontuais e focadas nos estilos de vida dos indivíduos e para o despontar de movimentos moleculares na forma de estratégias mais efetivas, comprometidas com o empoderamento dos trabalhadores para a transformação da dinâmica organizacional, articuladas à perspectiva de uma psicologia clínica transversalizada em saúde do trabalhador na organização.

Palavras-chave: Psicologia Clínica, Promoção da saúde, Trabalhadores, Cuidados médicos.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/862

 

16 ª. Turma Mestrado – 2014

 

  • JAILTON FERRERA MELO

 Título da dissertação: “O corpo que habito”: possibilidades de compreensão para a experiência do corpo amputado

Resumo: A amputação é tida como o primeiro procedimento cirúrgico já feito na história da humanidade e repercute de modo diferente nas pessoas que passam por tal procedimento, dependendo do momento histórico e da história de vida de cada uma. A presente pesquisa teve como objetivo compreender a experiência de pessoas que passaram pelo processo de amputação. Na tentativa de compreender a questão norteadora do estudo Como é a experiência de habitar um corpo amputado? , adotou-se o olhar da fenomenologia existencial, ao modo de Heidegger. Participaram da pesquisa seis homens com idade entre 20 e 59 anos, que passaram pelo procedimento cirúrgico para amputação, independente da doença prévia e do fato de já terem utilizado próteses. Como modo de acesso às experiências dos participantes optou-se por narrativas colhidas em Encontros Reflexivos , prática proposta por Heloisa Szymasnski, que se mostrou como possibilidade para troca e elaboração das experiências pelos participantes da pesquisa sobre os diversos modos de habitar um corpo amputado. Também foi utilizado o diário de bordo do pesquisador como registro das impressões, observações e sentimentos ao participar dos Encontros Reflexivos . Como método para análise das narrativas, foi utilizado a Analítica do Sentido de Dulce Critelli, que possibilitou o desvelamento do fenômeno estudado. Os resultados apontaram para a falta de compreensão e despreparo da equipe hospitalar que lida com a cirurgia de amputação no que tange ao cuidado e escuta da pessoa que está passando por tal experiência; revelaram que há um distanciamento das ciências modernas da natureza em questionar o corpo a partir de uma ótica que considere a própria experiência da pessoa que viveu a amputação; revelaram, também, que para os participantes, existir com um corpo amputado é passar por diversas dificuldades, com realce para o modo como experienciam a condição atual e o rompimento com o modo de viver habitual. Nesse sentido, o presente trabalho pretende contribuir para a compreensão da experiência vivida na amputação por parte dos participantes, além de possibilitar reflexões que ajudem nos procedimentos desenvolvidos pela equipe interdisciplinar junto a pessoas que passaram por tal experiência.

Palavras-chave: Psicologia Clínica, Imagem Corporal, Escuta, Fenomenologia Existencial, Amputações.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/240

 

  • MARIA DO ROSÁRIO CAVALCANTI DA SILVEIRA

Título da dissertação: Quando se abre a janela: uma compreensão fenomenológica sobre a prática psicológica em uma Policlínica do Recife-PE

Resumo: A prática psicológica é atravessada por determinações institucionais que podem interferir no modo como ela é exercida. Em algumas instituições, a porta de entrada do paciente se configura por uma prática já definida, caracterizada como triagem, voltada para o esclarecimento da queixa com vistas a um encaminhamento, sem a participação dele no processo. Diante de tal quadro, pergunta-se: como os pacientes que procuram atendimento nas Policlínicas, vinculadas aos serviços públicos de saúde, têm sua demanda acolhida? Mais ainda, questiona-se se a prática exercida está em sintonia com a realidade sóciocultural e experiencial do sofrimento trazido como motivo da consulta. Por fim, será viável pensar em modos do fazer psicológico que atendam às reais necessidades da população, apesar dos vieses institucionais? Para problematizar tais questionamentos, a pesquisa desenvolvida teve como objetivo geral compreender a experiência de psicólogos que exercem sua prática em Policlínicas públicas. Para tanto, foi tomada como referência a perspectiva fenomenológica existencial ao modo de Heidegger, e a compreensão de prática psicológica suscitada por tal orientação, e já desenvolvida em outras pesquisas por profissionais vinculados a tal perspectiva. Buscou-se, então, compreender a prática exercida pelos psicólogos lotados na Rede Municipal de Saúde do Recife-PE que atendessem aos usuários de Policlínicas públicas. Foram entrevistadas três psicólogas com mais de quinze anos de experiência atendendo nesses serviços, independente de idade, sexo e orientação teórica. A pesquisa foi de natureza qualitativa, de cunho fenomenológico existencial, e utilizou, como estratégia para colher a experiência das psicólogas, a entrevista/narrativa, que se apresenta como possibilidade de entrar em contato com a dimensão circunscrita das experiências dos profissionais participantes. Foi, também, utilizado o Diário de Bordo da pesquisadora, que contemplou os depoimentos escritos a próprio punho por esta, disposta a compartilhar suas impressões, observações e sentimentos experienciados. Para análise e compreensão das experiências relatadas, foi utilizada a Analítica do Sentido como proposto por Critelli. A pesquisa realizada aponta para a insuficiência da formação acadêmica para o atendimento à demanda de quem procura por atendimento psicológico no contexto da Policlínica; assim como para a falta de clareza quanto à atividade psicológica exercida pelas psicólogas nessa instituição. Tal dificuldade está associada a certo desconforto e incômodo frente às normativas institucionais, a falta de uma rede de apoio articulada e a ausência de uma equipe interdisciplinar. Diante de tal contexto, a pesquisa aponta para desmotivação diante do poder instituído e de um trabalho solitário, sinais que podem indicar a necessidade de repensar a prática psicológica no contexto da saúde pública.

Palavras-chave: Fenomenologia Existencial, Práticas Psicológicas, Escuta, Entrevistas em Psicologia, Psicanálise.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/258

 

  • SILVANA MARIA DE SANTANA

Título da dissertação: As Contribuições da Psicologia nas Políticas Públicas de Ressocialização

Resumo:

Este estudo apresenta a ação clínica psicológica no âmbito das Políticas Públicas de ressocialização da população carcerária adulta. Para tanto, se caracteriza a instituição carcerária e o processo de encarceramento, além da descrição das Políticas Públicas de ressocialização no Sistema Prisional de Pernambuco. Este contexto serve de base para a compreensão das ações dos psicólogos, colhidas em suas narrativas, procurando-se estabelecer um diálogo com as políticas vigentes. Conforme o Ministério do Trabalho e o Conselho Federal de Psicologia, essa área de atuação é o da Psicologia Jurídica e não se resume à prática da avaliação psicológica, embora ainda seja hegemônica em todo o país. Os psicólogos, nesse contexto, deparam-se com demandas voltadas para a reintegração de homens e mulheres à sociedade, o que lhes exige engajamento e contribuições da psicologia nas políticas do Estado para essa população. O trabalho de campo foi realizado em uma UP- Unidade Prisional feminina e outra masculina; lançamos mão do método cartográfico, na medida em que este nos permite acompanhar o processo das experiências vividas, narradas pelos profissionais participantes e a afetação da pesquisadora nesses contatos. Os resultados foram analisados a partir da hermenêutica compreensivista e no diálogo com a diversidade desse campo que é jurídico, é social e é clínico. Concluímos que as ações desenvolvidas pelos psicólogos nessas UPs, quando possível, ocorrem em condições precárias, sem lugar digno tanto físico como subjetivo para a ciência psicológica e são atravessadas pela precarização dos vínculos trabalhistas, as relações de poder marcadas pelas hierarquias jurídicas, a impotência diante das violências e violações de direitos fundamentais dos seres humanos. As contribuições exitosas são pontuais e se perdem na falta de um projeto integrado com outras áreas do saber e denunciam a falta de um projeto de ressocialização que contemple não somente as necessidades, mas, sobretudo, as expectativas dos apenados, da justiça e da sociedade. Este quadro mostra a premente necessidade de Políticas Públicas que atendam, de fato, aos objetivos de ressocialização pretendidos.

Palavras-chave: Reintegração social, Prisões, Psicologia, Política pública.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/257

 

17 ª. Turma Mestrado – 2015

  • CICERO JOSE BARBOSA DA FONSECA 

Título da dissertação: Clínica como Comunidade de Destino numa perspectiva ética, estética e política

Resumo: Esta dissertação objetivou refletir, a partir de referenciais teóricos, a possibilidade de uma Clínica como Comunidade de Destino. Para tanto, abordamos questões relativas às transformações que vivenciamos na contemporaneidade, diante das quais são necessárias inovadas maneiras de compreensão da existência humana que possam dar suporte aos sofrimentos do homem nos dias de hoje. A esse respeito, observam-se, experiências geradoras de um profundo mal-estar, configurador de um sujeito marcado pela tripla tirania da tecnologia, do consumo e da informação, atravessado por uma lógica da utilidade-descartabilidade-velocidade, geradores de sentimento de desamparo e de dispepsia existencial, condição de profundo desenraizamento propulsor de fraturas éticas por mergulhar o humano em situações em que o outro falta assustadoramente e exacerba a experiência de estar à mercê. Frente a este contexto, observa-se, na atualidade, um movimento de conceber e exercitar a clínica como Comunidade de Destino, caracterizada por uma postura que tanto acolhe o aparecimento da pessoa quanto lhe transmite os elementos disponíveis e necessários para que esta acesse um sentido para seu existir – uma clínica em que as questões humanas e existenciais permearão todo o percurso terapêutico. Perspectiva que requer uma abordagem integral do humano e de um saber incorporado no qual a vida não se divide, demandando do clínico que ele mostre sua humanidade, com disposição para habitar o paradoxo, em uma época propícia à sua eliminação. Condição que mergulha nossa época em dispositivos que visam administrar a vida por meio de estratégias de governo da vida, como a militarização, medicalização e judicialização que subtraem do sujeito o indizível e os mistérios de seu ser. Frente a esse contexto, percebemos ser fundamental que o clínico reconheça e acolha os elementos fundamentais da condição humana numa Clínica como Comunidade de Destino ancorada na Grande Ética, na Grande Estética e na Grande Política, tal como proposta nesse trabalho. Uma clínica fundada no acolhimento da tensão constitutiva do humano, como condição que permite a vida pulsar e, ao mesmo tempo e simultaneamente, que nos convoca a criar e afirmar um modo de ser como possibilidade de aventurar-se na processualidade fervilhante da vida. Enfim, uma clínica como um processo de resgate do estado de abertura fundamental numa época de profunda funcionalização da existência que transforma o belo em seguro, o diálogo em monólogo e a diversidade em transtorno. Uma clínica compreendida, experimentada e demasiadamente compromissada com a existência, cujo objetivo primordial é criar condições que permitam que aquilo que se encontra impedido de passar (ao corpo, aos sentidos e ao mundo) encontre vias de expressão. Constatou-se a necessidade de pesquisas que ampliem este debate acerca desta possibilidade de clinicar, devido a escassez de material bibliográfico em psicologia no que se refere a esta temática.

Palavras-chave: Dissertações, Psicologia clínica, ética, estética.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1016

 

  • JEANNE BEATRIZ DE BRITO GOUVEIA

Título da dissertação: A experiência de ser velho e gay: vida social, afetiva e sexual

 

  • SARAH BARBOSA DE OLIVEIRA

Título da dissertação: A experiência de supervisores de estágio em psicologia clínica em serviço-escola: uma compreensão fenomenológica existencial

Resumo: Este estudo parte de inquietações experienciadas pela autora enquanto estagiária de Psicologia Clínica, decorrente de questionamentos a respeito do funcionamento do estágio supervisionado em Psicologia Clínica realizado em serviços-escola de Instituições de Ensino Superior (IES). Objetivou compreender a experiência de supervisores de estágio em Psicologia Clínica realizado em serviços-escola, a partir da perspectiva fenomenológica existencial ao modo de Martin Heidegger. Para isso, buscou problematizar o serviço-escola enquanto espaço de formação, extensão e pesquisa, discutir a pratica de supervisão como constitutiva da formação clínica do psicólogo e refletir sobre as compreensões dos supervisores em Psicologia Clínica acerca de suas experiências de supervisão. A natureza desta pesquisa é qualitativa e a aproximação e interpretação das experiências, inspirada na analítica do sentido desenvolvida por Dulce Critelli. A colheita dos dados aconteceu via entrevista narrativa, sendo a narrativa compreendida a partir da perspectiva de Walter Benjamin. Foram realizadas entrevistas individuais com três supervisores de estágio em Psicologia Clínica que trabalham em serviços-escola de uma Instituição pública e outra privada. As entrevistas iniciaram por meio da pergunta disparadora: Como está sendo a sua experiência de supervisão de estágio em Psicologia Clínica em Serviço-escola?. Outro instrumento utilizado foi o Diário de Bordo, que contribuiu para o registro da experiência da pesquisadora e na construção da narrativa final. Resultado de um entrelaçamento entre a Perspectiva Fenomenológica Existencial, a narrativa da pesquisadora e a dos participantes entrevistados, este trabalho é denominado de “samba”. Aos participantes compositores são dados nomes fictícios de notas musicais. Cada nota apresenta o caráter de pluralidade e singularidade, revelados nos relatos. Nessa direção, foram encontrados na pesquisa os seguintes temas centrais: Dos primeiros sons ao decorrer do dedilhar das cordas, Sobre a importância atribuída pelos entrevistados à experiência de supervisão, Relação entre Teoria e Prática, Interferências Institucionais na prática de supervisão, Supervisão Individual x Supervisão Grupal, Tempo destinado ao estágio em Psicologia Clínica, Objetivos do estágio em Psicologia Clínica em consonância com os Serviços-escola, Olhar sobre o vínculo com os alunos. A partir dos temas são discutidas aproximações e distanciamentos de cada nota. A análise tece considerações que apontam para reflexões a respeito do modo com que cada supervisor lida com a sua experiência, assim como sobre o uso da técnica e da teoria, do tempo cronológico e do tempo vivido, dos atravessamentos institucionais e do cuidado enquanto destinamento na responsabilidade por um fazer próprio do supervisor e do estagiário. Pôde-se considerar que a supervisão leva em conta uma série de fatores variantes tais como: linha teórica, a formação pessoal do supervisor, ou até as determinações da IES. Tais fatores contribuíram para que cada supervisor apresentasse uma maneira diferente de cuidar. Diante disso, reconheceu-se a inexistência de um modelo ideal de supervisão. E que não necessariamente o sentido da nomenclatura do espaço desse estágio interliga-se a prática dos supervisores que lá atuam. Verificou-se, portanto, necessidade de estudos que apontem subsídios que transponham apenas as funções escritas ligadas à recente nomenclatura deste campo e implementem de fato os objetivos propostos por este espaço. Neste estudo deu-se visibilidade ao supervisor, no intuito de trazer a perspectiva de quem está diretamente implicado com a educação dos futuros profissionais, tendo em vista abrir brechas para dialogar e refletir a respeito da formação, extensão e pesquisa.

Palavras-chave: Fenomenologia Existencial, Supervisão, Serviços-escola, Psicologia Clínica.

Trabalho disponível emhttp://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/941

 

18 ª. Turma Mestrado – 2016

  • NEON BRUNO DOERING MORAIS

Título da dissertação: LGBT E PRISÕES: uma análise criminológico-queer do cárcere pernambucano

 

  • RAÍSSA MARIA BITTENCOURT DE MORAIS

Título da dissertação: Eu tive que me reinventar?: Mulheres com lesão medular adquirida e modos de (re)construírem a si mesmas e a suas vidas sexuais

Resumo: Este trabalho objetivou compreender como as mulheres que sofreram uma lesão medular adquirida (re)constroem a si mesmas e as suas vidas sexuais. As lesões medulares (LM) são todas as injúrias que acometem às estruturas contidas no canal medular podendo levar à alterações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. É uma das situações que mais pode afetar a vida de qualquer indivíduo e traz consigo inúmeras repercussões biopsicossociais. A pesquisa que deu base a esta dissertação é de cunho qualitativo e se fundamenta teórica e metodologicamente nos escritos de Michel Foucault e de outros autores que dialogam com o seu pensamento. Como estratégias metodológicas foram utilizadas as Entrevistas Narrativas e o Diário de Campo, como instrumentos para a construção das narrativas das mulheres com lesão medular adquirida, que foram analisadas através de uma analítica descritiva do sujeito de inspiração foucaultiana. Essas análises apontaram que essas mulheres são atravessadas por diversas formações discursivas, instituições, jogos de saber/poder que as constituem como capazes de agenciarem seus próprios métodos e caminhos para executar satisfatoriamente uma vida sexual do modo como é possível vivê-la. A condição de mulher, o exercício de uma vida sexual após um trauma ou acidente, e o modo pelos quais elas se subjetivam se mostraram caminhos difíceis; evidencia-se a importância de se olhar a sexualidade como um dispositivo; enfatiza-se a existência de uma sociedade que considera determinados corpos, e aqui os corpos com lesão medular, como abjetos e verificase o sofrimento vivido por cada uma delas ao se depararem com a mudança de um corpo aceito. Deste modo, nas narrativas encontramos a certeza de que as mulheres com lesão medular adquirida não se consideram assexuais, ao contrário, todas relataram vivenciar – ou já ter vivido – um ou mais relacionamentos amorosos, afetivos e sexuais. Esperamos que nossa pesquisa contribua para a ampliação das vozes e luta dessas mulheres assim como para a maior abertura de espaços de diálogos acerca da temática da sexualidade no recorte das pessoas com deficiências físicas adquiridas, em especial, das mulheres com lesões medulares adquiridas.

Palavras-chave: Lesão medular adquirida, Dispositivo da sexualidade, Modos de Subjetivação, Michel Foucault.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1042

 

19 ª. Turma Mestrado – 2017

  • ELAINE APARECIDA DE LIMA

Título da dissertação: Eu, tu, elas: os atravessamentos dos discursos de gênero na medicalização do sofrimento psíquico de mulheres

Resumo: Os estudos sobre a medicalização do sofrimento psíquico sob o recorte de gênero tornam-se urgentes quando temos alguns discursos dominantes sobre gênero que colocam as mulheres frequentemente em posição de maior subordinação. Além disso, tais discursos cristalizam os modos de subjetivação das mulheres, fazendo com que parte de suas histórias seja perpassada por um tipo de violência sutilmente disseminado através de vários dispositivos e tecnologias sociais, por vezes legitimados pelo discurso médico. Propusemos nesse trabalho, problematizar os atravessamentos dos discursos de gênero na medicalização do sofrimento psíquico de mulheres que fazem uso de benzodiazepínicos (BZD). A pesquisa teve delineamento qualitativo, e foram feitas entrevistas narrativas com nove mulheres entre setembro e outubro de 2018. A pergunta disparadora da entrevista foi: “O que te levou a fazer uso do BZD?”. A leitura das narrativas foi baseada na análise dos enunciados com inspiração foucaultiana. Foi percebido nas narrativas produzidas pelas participantes o quanto a prática de alguns profissionais da saúde ainda é muito permeada por um olhar biologizante, individualista e universalizante. A complexidade histórica é, frequentemente, deixada de lado em favorecimento de diagnósticos objetivos e supostamente neutros e prescrições medicamentosas; os profissionais acabam por assumir um discurso disciplinador e docilizador dos modos de subjetivação de mulheres. Também foi possível perceber as tensões presentes nas mulheres, entre movimentos de resistência e de assujeitamento à medicalização, bem como forças de reiteração e de ruptura por parte de alguns profissionais da saúde; um jogo de poderes que nos revelou o quanto somos todos restringidos por uma série de normas regulatórias, mas também potencialmente subversivos. É nessa posição de subversão que encontramos espaço para propor uma forma mais ampliada e complexificada de compreender o sofrimento psíquico que abarque a rede de saber/poder que modela os sujeitos e, deste modo, tecer uma clínica que acolha tais mulheres e seus sofrimentos psíquicos com comprometimento ético, estético e político.

Palavras-chave: Medicalização, sofrimento psíquico, discursos de gênero, gênero, Benzodiazepínicos.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1253

 

  • ITAMAR SOUSA DE LIMA JUNIOR

Título da dissertação: Histórias de infâncias na rua: uma narrativa entre violações de direitos e proteção da vida

Resumo: Esta pesquisa visou compreender a experiência de situação de rua de crianças e ado- lescentes na cidade do Recife. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de base feno- menológica do tipo pesquisa intervenção. A investigação foi realizada em uma Orga- nização da Sociedade Civil de referência no trabalho socioeducativo com crianças e adolescentes em situação de rua no município. Participaram deste processo nove cri- anças e adolescentes de ambos os sexos, sendo sete meninos e duas meninas, com idades entre 11 e 17 anos, todos há mais de um ano em situação de rua. Como ins- trumento de pesquisa adotei a observação participante, a entrevista reflexiva e diários de bordo. A partir das narrativas colhidas e registradas no diário de bordo e dos relatos dos encontros e da entrevista reflexiva surgiram grandes temas que se constituíram em no que aqui chamaremos de constelações, são elas: Extrema pobreza, Violência, Ilhas de proteção, Brincadeira na rua: o lúdico e o perigo, Em algum momento vai se chorar por isso, Minha vida é um inferno e Falsa liberdade. Tais constelações ilumina- das pelas reflexões de Hannah Arendt possibilitaram, além de uma maior compreen- são das experiências destes meninos e meninas, indicações de caminhos para novas formas de atuação com esse público. Assim, as condições humanas que constituem o fenômeno da situação de rua como a extrema pobreza e a violência figuraram com destaque para entendimento das violações de direitos desse grupo, mas também foi possível compreender a necessidade de proteção que é reivindicada por essas crian- ças e adolescentes e que nos compele a uma atividade política que se ocupe do amor ao mundo.

Palavras chave: Crianças e adolescentes em situação de rua, Hannah Arendt, situação de rua.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1195

 

  • JÉSSICA CAROLINE DE MORAIS VERÍSSIMO

Título da dissertação: Plantão psicológico em instituições: possibilidades compreensivas da ação clínica

 

  • LUÍSA DE MARILAK DE SOUSA TERTO

Título da dissertação: Corpos femininos e o uso de crack: experiência, modos de subjetivação e agenciamentos

Resumo: Em função de sua natureza multifatorial, a dependência química requer abordagens de cuidados amplos, integrados e diferenciados e, pensando nisso, o presente estudo objetivou compreender a experiência de vida de mulheres usuárias de crack na contemporaneidade. É de fundamental relevância aprofundar o entendimento de diversos modos de subjetivação feminino para se pensar práticas de acolhimento que levem em consideração o contexto e as demandas das mulheres que usam crack. Neste sentido, este estudo se caracteriza como uma pesquisa de natureza qualitativa em que foram entrevistadas, individualmente, sete mulheres, na faixa etária dos 28 aos 37 anos de idade, todas do estado de Pernambuco, Brasil. Utilizou-se como método de construção dos dados a História de Vida (HV). Optou-se por fazer uso de uma entrevista narrativa e também o uso de um Diário de Campo, em que foram registradas diversas vivências, observações e reflexões construídas ao longo do processo de produção dos dados. Como estratégia de análise, lançou-se mão da analítica discursiva de inspiração foucaultiana. As narrativas das mulheres entrevistadas apontam que é impossível compreender o fenômeno do crack sem ter um olhar sobre o contexto sociocultural e histórico dos sujeitos. O uso da categoria analítica do gênero é de extrema relevância para a compreensão não só dos processos orgânicos e fisiológicos, como também, dos discursos e saberes que entrelaçam a vivência dessas mulheres enquanto usuárias de crack. Observou-se que nos processos de reconhecimento de identidades, são inscritos ao mesmo tempo as atribuições de diferenças, que implicam instituições de desigualdades, de hierarquias estabelecidas imbricados nas redes de poder que circulam em uma sociedade. A sociedade ao classificar os sujeitos, os divide atribuindo rótulos com a pretensão de fixar as identidades, definindo, separando e de diversas formas distinguindo e discriminando. Isso é o que ocorre em nossa sociedade, principalmente com as mulheres usuárias de crack, Em um contexto social amplo, certos comportamentos e práticas são estimulados para homens e inibidos para mulheres e as normas de gênero a serem transmitidas, a partir da socialização, reproduzem discursos hegemônicos sobre o que é ser uma mulher em uma sociedade que inviabilizam o olhar para as mulheres usuárias de crack e traz uma problemática imensurável a essa parte da população que fica às margens da exclusão social. Elas são desassistidas pelas políticas públicas em geral, são consideradas pelo poder como desimportantes e como vidas que deveriam ser corrigidas ou que não mereciam ser vividas, “corpos abjetos”. Conclui-se que, o discurso sobre “o ser mulher” atua sobre elas produzindo modos de se relacionar, de ser num processo de subjetivação agenciado por estratégias políticas, normativas e culturais, no entanto, a experiência de vida de mulheres usuárias de crack na contemporaneidade se caracteriza como um fenômeno complexo e não passível de explicações causais e simplórias. O sujeito que aqui se apresenta é ativo no seu processo de subjetivação, produzindo modos de resistência e de subversão que tencionam o poder disciplinador do discurso sobre a mulher que usa drogas.

Palavras-chave: Mulher, gênero, crack, Michel Foucault.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1130

 

  • PEDRO PEREIRA CAVALCANTI FILHO

Título da dissertação: Tradição e inovação são passos de uma mesma dança?: o convívio multigeracional no ambiente corporativo

Resumo: Cenário: O mundo cada vez mais contraditório e complexo exige lideranças inovadoras que encontrem caminhos para possibilitar a solução dos graves problemas que afetam os indivíduos, as organizações e a sociedade. Esse mundo em ebulição, provocado por mudanças à velocidade foguete, tem legado, dentre outros sofrimentos, uma sensação de angústia que se reflete nas relações do ser humano. Ao mesmo tempo surge a quarta revolução industrial, que tem projetado uma transformação contundente nas formas de se viver, de sonhar, de desejar e, de modo específico, nas formas de se trabalhar e o próprio sentido do trabalho. Nessa direção, os avanços tecnológicos impõem às empresas uma nova maneira de atuar no mercado e novas estratégias para mitigar os impactos que possam ocorrer nas relações profissionais. Observa-se em atividade no mundo corporativo, gestões que remontam a quatro gerações: Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), X (nascidos entre 1965-1980), Y (nascidos entre 1981 e 1997) e Z (nascidos a partir de 1998). Diante dessa configuração da força de trabalho são crescentes os desafios para os gestores no desenvolvimento de equipes multigeracionais para trabalharem em sintonia com os objetivos empresariais. A partir desse contexto, o objetivo deste trabalho, de modo geral foi o de compreender os movimentos que se dão no mundo corporativo, considerando, sobretudo, o encontro multigeracional e as pressões exercidas pelas sucessivas revoluções industriais. Especificamente procuramos historicizar o mundo do trabalho e suas revoluções significativas; cartografar os movimentos que se dão no convívio multigeracional e problematizar o mundo do trabalho a partir dos impactos provocados pelas sucessivas revoluções industriais nas corporações. Para subsidiar o campo-tema objeto deste estudo, realizamos uma pesquisa de natureza qualitativa, transversalizada por diretrizes cartográficas. As entrevistas narrativas foram realizadas online com oito profissionais que atuam em duas empresas privadas. O diário de campo foi também recurso utilizado, cujas narrativas co engendraram com as dos participantes, a experiência descrita nesta dissertação. As produções narrativas foram iluminadas pelos aportes teóricos de Gilles Deleuze, Felix Guattari. Resultados e Discussão: Das entrevistas emergiram seis planos de análise: Plano 1 Convívio multigeracional: sinais de conflitos? Plano 2 Poder, autoridade e hierarquia: encontro entre gerações; Plano 3 Aprendizagem: há potência no encontro multigeracional? Plano 4Tecnologia: facilidades e dificuldades para as gerações; Plano 5 Choque pandêmico e Home – oficce: subjetivações provocadas pela Covid 19. Os participantes sugerem que existem conflitos nas empresas, embora não se apresentem em níveis de gravidade que possam impactar a dinâmica dos grupos. A aprendizagem dos profissionais ocorre tanto de modo formal como informal. Em relação às novas tecnologias, observou-se a dificuldade das gerações mais antigas, principalmente, os Baby Boomers e a facilidade com que as gerações mais novas, notadamente a geração Z manuseiam os ferramentais tecnológicos. A pandemia da Covid 19 provocou dificuldades para os profissionais quanto aos seus espaços privados serem transformados de um momento para outro em espaço laboral. No que diz respeito ao trabalho em home office, a jornada laboral, para alguns participantes, assumiu praticamente as horas que eram dedicadas ao lazer, às refeições e ao cotidiano familiar. Os participantes apontam como principais características das empresas o respeito entre pares e gestores e as trocas de experiencias entre as diversas gerações. Considerações Finais: embora, a literatura apontasse, quase como imperativo, que o encontro de gerações no ambiente laboral provocava conflitos adversos, não foi o que encontramos em nossa pesquisa. Nas empresas percebe – se que os conflitos existem de modo diluído. As relações entre os participantes, seus pares e gestores primam por um ambiente laboral onde permeia um clima organizacional respeitoso, cooperativo e saudável, apontando que as empresas valorizam o ser humano.

Palavras-chave: Convívio de gerações, organizações, quarta revolução industrial, Abordagem cartográfica.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1380

 

  • RAFAELA DOS SANTOS SILVA SOUZA

Título da dissertação: Mulheres de rua: compreensões acerca de uma vida prostituída

 

  • SILVIA MARIA MELO EMERENCIANO DE MELO

Título da dissertação: A apresentação ao mundo e as pessoas em situação de rua: reflexões arendtianas

 

20 ª. Turma Mestrado – 2018

 

  • ANA PAULA GALDINO DE OLIVEIRA

Título da dissertação: Da camisa de força ao psicotrópico: um olhar hermenêutico existencial para o sofrimento no contexto da atenção primária à saúde

Resumo: O uso elevado de psicotrópicos, principalmente os ansiolíticos e antidepressivos, nas últimas décadas, sinaliza o aumento dos transtornos psíquicos, tornando essa realidade uma questão séria de saúde pública: a medicalização do sofrer psíquico. Trazendo como cenário/campo a Unidade Básica de Saúde, a pesquisa teve como objetivo compreender as ressonâncias do uso de psicotrópico nos modos de cuidar do sofrimento de mulheres no contexto da atenção primária à saúde. Com isso, as experiências narradas por seis mulheres usuárias de um serviço foram colhidas via realização de duas Oficinas de Criatividade. Além disso, foram produzidas narrativas registradas em Diários de bordo da experiência/narrativa da pesquisadora. A interpretação das experiências narradas seguiu a analítica da existência de Heidegger junto a Hermenêutica Filosófica de Hans-George Gadamer, seguindo um jogo de significados que se abriga na linguagem, e que nos coloca em uma direção outra, contrária aos ditames reducionistas da produção científica moderna. A aproximação com as narrativas nos faz questionar as principais políticas, como a de Humanização da saúde, diante das denúncias anunciadas nas narrativas, a partir de gritos de socorro pelo desamparo na condição de cuidado ofertado, demonstrando os ruídos e paradoxos de um serviço (sistema) propiciador da condição de dependência do medicamento, deixando sem escuta a demanda existencial que se “mostra” no sofrimento narrado.

Palavras-chave: Psicotrópicos, Fenomenologia Hermenêutica, Atenção primária à saúde.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1330

 

  • RAFAELA DOS SANTOS SILVA SOUZA

Título da dissertação: Mulher, negra e puta: duas histórias sobre-vivência

 

  • RAISSA INOJOSA DO RÊGO BARROS CORREIA

Título da dissertação: Humanização na assistência de terapia intensiva: práticas e dificuldades da equipe de saúde de um hospital público de Pernambuco

 

  • LAURA VALENÇA ARRUDA

Título da dissertação: Atravessamentos dos discursos sobre sexualidade e gênero nos enunciados de alunos estagiários do curso de Psicologia

Resumo: O presente estudo tem como objetivo a compreensão dos atravessamentos dos discursos sobre sexualidade e gênero nos enunciados dos alunos estagiários de psicologia que estão realizando a prática profissional no estágio curricular, no período letivo entre 2018 e 2019, do curso de psicologia em instituições da cidade do Grande Recife. Essa pesquisa teve como questões norteadoras: será que haveria demandas relacionadas às questões de sexualidade e de gênero na clínica-escola direcionadas às/aos alunas/alunos estagiárias/os e quais seriam essas demandas? Quais seriam as possíveis ressonâncias sobre as/os estagiárias/os no acolhimento a essas demandas? Como as/os estagiárias/os avaliam o estágio curricular em psicologia clínica quanto às questões relacionadas à/ao sexualidade/gênero? Trata-se de uma pesquisa analítica discursiva foucaultiana, tendo as obras de Michel Foucault como base para traçar o caminho. Foram analisados depoimentos das/dos alunas/alunos sobre suas experiências no estágio curricular e os sentidos que elas/eles atribuíram às questões da sexualidade e do gênero. Participaram desta pesquisa sete alunas/alunos que estavam no estágio curricular obrigatório de três instituições de ensino diferentes. Durante as entrevistas com as/os participantes, foi possível perceber que, no decorrer da formação destes, a discussão sobre sexualidade e identidade de gênero não era assunto prioritário nas grades curriculares, dependendo até mesmo da vontade de as/os professoras/professores passarem o conteúdo relacionado à sexualidade e gênero; e também do interesse das/dos próprias/próprios alunas/alunos. Notou-se que as discussões não se apresentavam sobre sentido lato da sexualidade, sobre afetividade, identidade de gênero, que buscam compreender o ser humano de maneira global e as suas diversas maneiras de agir, pensar e se comportar em relação à sua sexualidade. Também foi analisada a visão que esses mesmos estudantes têm em relação às suas instituições de ensino, se estas contribuem para um discurso inclusivo da sexualidade e da identidade de gênero e para a subversão das falas normativas. Concluindo que, apesar de a instituição ter a responsabilidade social para com a diversidade humana, possuindo o dever de abordar os temas que são pertinentes para a práxis do psicólogo, as instituições acadêmicas não são as únicas que atravessam os enunciados dos alunos do estágio de psicologia, não sendo as únicas que constituem a compreensão dos alunos acerca do tema, mas sim dividem espaço com outras instituições sociais, como a família, religião, economia. As instituições acadêmicas também demonstraram ser um ambiente de acontecimentos, em que rupturas de conceitos e preconceitos se tornam propícias.

Palavras-chave: Sexo, Identidade de gênero, psicologia, Estudante de psicologia.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1320

 

21 ª. Turma Mestrado – 2019

  • ALESSANDRA SAWADA BERTOLUCCI

Título da dissertação: A experiência de con-viver com um companheiro ou uma companheira que tenta pôr fim à vida: possibilidades compreensivas no campo da conjugalidade.

Resumo: O presente estudo tem como proposta principal compreender como se dá a conjugalidade a partir da experiência de cônjuges cujo companheiro ou companheira tenta pôr fim à própria vida. Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, de cunho fenomenológico, na qual se buscou tecer uma trama dialógica entre as narrativas colhidas e acolhidas nos encontros com cada colaborador ou colaboradora da pesquisa; os teóricos e teóricas que transitam pelas temáticas abordadas; o diário de bordo da própria pesquisadora; além de algumas imagens que a interpelaram ao final de cada entrevista. A postura epistemológica adotada para interrogar o fenômeno em questão tem como pressupostos a Analítica Existencial de Heidegger e a Hermenêutica Filosófica de Gadamer. De modo geral, considerou-se que o fenômeno do suicídio tem se des-velado, nos dias de hoje, sob a égide da técnica moderna, que por vezes silencia os dizeres de quem pensa/tenta pôr fim à própria vida. Observaram-se ainda os atravessamentos dos modos pré-instituídos de “ser cônjuge” e “ser-casal” na lida com o companheiro ou companheira dito(a) “suicida”. E, diante de tal horizonte, abre-se uma reflexão acerca dos modos de cuidado de si e dos outros entes, em meio aos domínios do impessoal e à possibilidade da quebra das “identidades” encouraçadas que podem aprisionar o ser-aí em situações de sofrimento. Nesse contexto, a dimensão dialógico-hermenêutica aponta para a possibilidade de que os cônjuges se assumam enquanto cuidado que são, em uma atitude de pré-ocupação antecipadora, podendo pôr-se constantemente em jogo, encaminhando-se para novos horizontes possíveis de sentido.

Palavras-chave: Conjugalidade, suicídio, cuidado, Fenomenologia Hermenêutica.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1509

 

  • DÉBORAH ADRIANA SÁ CAPOZZOLI

Título da dissertação: Publicar, curtir, comentar: uma compreensão fenomenológica hermenêutica da experiência dos usuários do Instagram no Brasil.

Resumo: As transformações tecnológicas em ebulição delineiam o cenário em que assistimos às Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) adentrarem de modo mais intenso na cultura contemporânea, apontando para o conceito de cibercultura e que nos solicita a constantes correspondências para novos modos de ser e de estar no mundo. Neste contexto, os sites de redes sociais on-line como o Instagram passam a manifestarem-se como espaços de socialização, lugares de experiências compartilhadas, de vetores de união e que revelam novos modos de estar-junto. A quantidade de adeptos desse site de rede social on-line pode dizer do modo como ele passa a realçar o seu espaço de importância na vida dos indivíduos hoje, mantendo mais de um bilhão de usuários ativos em todo o mundo e se mostrando um espaço que abriga uma diversidade de sentidos. Diante disso, esta pesquisa objetivou compreender a experiência da expressão e produção de sentidos em usuários do Instagram, em que participaram quatro colaboradores que são usuários deste site de rede social on-line. O caminhar metódico que delineia as trilhas percorridas nesta pesquisa caracteriza a sua natureza como uma investigação qualitativa e o seu método como fenomenológico hermenêutico à luz das ressonâncias da Fenomenologia Hermenêutica de Martin Heidegger, contemplando, ainda, uma etapa que assume a perspectiva netnográfica. Como recursos para produção de dados foram utilizados a Entrevista Narrativa e o Diário de Campo. As narrativas foram compreendidas a partir da ideia de Walter Benjamin (1987), em que o autor enfatiza a importância da narrativa como via de acesso para a elaboração da experiência. Por sua vez, os Diários de Campo são compreendidos a partir do sentido considerado por Aun e Morato (2005), que utilizam a nomenclatura ―Diários de Bordo‖ e os apresenta enquanto a possibilidade de aproximação com a experiência vivida pelo pesquisador no decorrer da pesquisa e a ―criação de sentidos‖ através das narrativas-escritas. Privilegiou-se o processo de compreensão interpretativa fundado na Hermenêutica Filosófica de Gadamer (1960/1999) a partir da sua perspectiva sobre a “fusão de horizontes”, assumindo o movimento do jogo circular-hermenêutico da compreensão. Como considerações possíveis, observamos que o Instagram pode ser compreendido como um desdobramento da técnica moderna, mostrando-se um espaço convidativo ao modo de pensar calculante, mas que, contudo, também desencobriu uma postura reflexiva dos colaboradores, manifestando a disposição de serenidade diante da possibilidade de dizer ―sim‖ e ―não‖ simultaneamente aos apelos da técnica moderna, ao questionarem o modo como fazem uso desse site de rede social on-line, sobretudo no momento em que atravessamos a pandemia da Covid-19. Considerando a constância e rapidez das inovações tecnológicas que constroem e realçam novos paradigmas comunicacionais no ciberespaço, sugere-se uma continuidade de estudos que envolvam os sites de redes sociais on-line como o Instagram, a fim de ampliar, à luz da fenomenologia hermenêutica, o olhar sobre os fenômenos que esses espaços manifestam a partir do horizonte epocal em que estão situados.

Palavras-chave: Experiência, Instagram, Psicologia fenomenológica hermenêutica, Fenomenologia Hermenêutica.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1530

 

  • GLAUCIA FERNANDA SOARES CABRAL

Título da dissertação: Suicídio e psicoterapia: uma compreensão fenomenológica hermenêutica da experiência de pacientes que buscam pôr fim à vida

Resumo: O suicídio é um fenômeno que nos últimos tempos tem despertado a atenção pela amplitude no número de casos no mundo, que alcançou um quantitativo de 800 mil mortes por ano, suscitando a criação de estratégias e serviços que possam auxiliar na prevenção. Nesse cenário, o psicólogo tem sido convocado a produzir compreensões e ações, sendo a psicoterapia uma prática psicológica apontada como espaço de cuidado e acolhimento para aqueles que pensam em pôr fim à vida. A partir desse horizonte, este estudo tem como objetivo geral compreender as possíveis ressonâncias da psicoterapia em pacientes que procuraram esse atendimento diante de ideações ou de tentativas de pôr fim à vida, e como objetivos específicos problematizar algumas concepções construídas acerca do suicídio ao longo da história, apresentar como as práticas psicológicas se posicionam diante de pacientes que buscam pôr fim à vida e compreender a experiência de pacientes que buscaram a psicoterapia diante do pensamento ou da tentativa de pôr fim à vida. Trata-se de um estudo que privilegia a orientação fenomenológica hermenêutica como caminho metódico. A pesquisa foi realizada na cidade de Teresina – PI, com a participação de quatro mulheres que pensaram e/ou tentaram pôr fim à vida e buscaram a psicoterapia por esse motivo. Os recursos utilizados na produção dos dados foram a entrevista narrativa e o diário de campo. As narrativas das colaboradoras e da pesquisadora foram compreendidas a partir das ressonâncias da Hermenêutica Filosófica de Gadamer. Nessa empreitada, foi possível acompanhar o emergir de fios narrativos que colocam em questão como a dor de uma existência esvaziada de sentidos, e que beira a decisão de pôr fim à vida, é compreendida e cuidada na cotidianidade. Os diagnósticos e a medicalização desvelaram-se como normatizações que, ao explicarem e provocarem o entorpecimento da dor, não acolhem a dimensão existencial. A psicoterapia apresentou-se como um modo de cuidado que se abre para uma possibilidade de acolhimento e tensionamento da questão entre o viver e o morrer, entretanto sua ação clínica também pode incorrer em um modo técnico de cuidado, ressoando na existência do paciente como um controle e silenciamento da dor. Nesse sentido, cabe questionar como a psicologia tem se coadunado com o horizonte de prevenção atual, e que outras possibilidades de cuidado poderiam se delinear como escuta originária e libertadora ao paciente e aos seus sofrimentos.

Palavras-chave: Suicídio, psicoterapia, Fenomenologia Hermenêutica, Cuidado.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1523

 

22 ª. Turma Mestrado – 2020

 

  • LÍLIAN PAULA DE SOUZA ALVES MACHADO

Título da dissertação: Escrevivências clínicas: violência sexual na vida de meninas negras – um triplo trauma

Resumo: Este trabalho, de início, intentou cartografar a experiência da violência sexual na infância – VSI de meninas negras e as ressonâncias em suas subjetividades. Para tanto, traçamos os seguintes objetivos específicos: 1. Delinear o lugar da mulher negra na sociedade e as formas de violência a elas dirigidas – especificamente a violência sexual, historicamente constituídas e legitimadas; 2. Propiciar um espaço de escuta para a expressão da experiência de violência sexual na infância de mulheres negras; e 3. Analisar os modos processuais de subjetivação das Mulheres Negras ante a experiência da violência sexual. Adotamos a concepção de subjetividade tal como proposta por Guattari e Rolnik, construída a partir de um campo de forças no qual o social, o político, o econômico, entre outros vetores, têm participação ativa. E, ainda, o de interseccionalidade, uma proposição do feminismo negro que concebe a indissociabilidade entre cis-hetero-patriarcado (heteronormatização e naturalização do poder do pai), racismo e capitalismo. Como abordagem, apoiamo-nos provisoriamente na esquizoanálise fazendo uso da cartografia como caminho metódico que privilegia o hódos – metá (o primado do caminhar que traça no percurso suas metas). Provisório pois, tomamos, também, os estudos de Frantz Fanon e suas contribuições para a reflexão do racismo, racialização e colonialismo. Inicialmente, especial atenção foi dada às três pistas da abordagem cartográfica: o estabelecimento de um ethos da confiança (experiência compartilhada e aumento da potência de agir); criação de uma zona de inter-esse; e o coletivo de forças como plano de experiência cartográfica. Para a escuta dos relatos de experiência, foram realizadas quatro (04) rodas de conversa em ambiente virtual, em manhãs consecutivas, aos domingos, que aconteceram a partir da solicitação de que nos contassem suas experiências. A rodas de conversa foram gravadas em áudio e registradas em diário de bordo e tornaram-se espaço de acolhimento, escuta, cuidado, legitimação, reconhecimento recíproco e campo de produção de dados. Conceituamos VSI como trauma sexual e, a partir dos planos de análises, no caso da perpetração contra meninas negras, compreendemos a articulação deste com o trauma colonial – racismo. E, ainda, uma tripla articulação – dos dois anteriores – com o trauma social. Pelos efeitos da relação do dentro-fora-dentro, observamos as ressonâncias inferidas por nossas colaboradoras e certos assentados subjetivos que apontam para a fixidez e enrijecimento que a tripla experiência traumática produziu e continua a produzir, não sendo possível delinear qual efeito é produzido por qual trauma. Compreendemos, ainda, que tais efeitos foram internalizadas agenciando modos de existência cindidos temporariamente de potência e que resvalam em seus modos de ser, de desejar, de pensar e de sonhar. Quando foi necessário, nossas colaboradoras foram encaminhadas para acompanhamento psicoterapêutico gratuito.

Palavras-chave: Esquizoanálise; Mulher Negra; Violência Sexual; Subjetividades; Interseccionalidade.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1547

 

  • TÚLIO LUIZ SANTOS PEREIRA HENRIQUES

Título da dissertação: Os fios que tecem o coração partido: compreensão fenomenológica hermenêutica da experiência de sofrimento em-situação de sofrimento do par amoroso

Resumo: O objetivo geral desta pesquisa foi compreender a experiência de sofrimento que acompanha o rompimento do par amoroso à luz de pressupostos da fenomenologia hermenêutica de Martin Heidegger. De início, contextualizei o fenômeno conceituado como luto, sendo esta a possibilidade compreensiva para a qual se dirigem as compreensões tradicionais relacionadas à perda significativa, a partir da interrogação do modo de ser deste ente que somos, o Dasein; problematizei a experiência do amor em suas determinações históricas, tendo em vista o caráter finito de todas as nossas possibilidades de ser; e, por fim, busquei compreender a relação entre a perda do par amoroso e o sofrimento existencial no diálogo com as experiências dos(as) colaboradores(as) que comigo teceram os fios do coração partido. A situação hermenêutica, como proposta por Heidegger, guiou este caminhar em torno de uma abordagem metódica para o método fenomenológico hermenêutico: na reconstrução dos pontos de vista na tradição que atravessam o fenômeno interrogado; na desconstrução destes sentidos como perspectiva, questionando as condições de possibilidade de suas aparições no tempo; e na construção de um novo olhar, cujo horizonte delineia-se em uma dimensão existencial. Foram entrevistados(as) quatro adultos(as) que experimentaram a dissolução da convivência amorosa e que declararam ter sido esta dissolução acompanhada de sofrimento. Cheguei a estes colaboradores(as) intencionalmente por meio da indicação de profissionais psicoterapeutas que os estavam atendendo há pelo menos três meses. Por três oportunidades, recorri à entrevista sincrônica on-line, enquanto o último encontro fora realizado presencialmente. Utilizei como instrumentos de pesquisa a entrevista narrativa, enquanto recurso não estruturado para recolhimento das experiências, e o diário de campo compreendido fenomenologicamente como diário de bordo. As entrevistas com os colaboradores(as) foram analisadas à luz dos pressupostos heideggerianos e sob inspiração da hermenêutica filosófica de Gadamer. Foi possível compreender que tais sofrimentos constituem uma passagem como transição na qual os(as) colaboradores(as), diante dos rearranjos forçados e impostos pela irrupção do novo tecido existencial que se apresentam em torno do rompimento, são tomados por tonalidades afetivas muito específicas e que a situação hermenêutica ajuda a compreendê-las nas experiências narradas. Passagem essa em que modos de organização espaço-tempo-corporal dos(as) colaboradores(as) se apresentam também de modos muito específicos e que, por isso mesmo, fogem a qualquer pretensa tentativa de teorização ou universalização. Foi possível considerar, ainda, o horizonte de uma clínica que interpele e seja, a um só tempo, interpelada pela condição humana do paciente, tal como ela se mostra no dizer do seu sofrimento. Uma clínica em virtude da qual o clínico, ao sustentar uma disponibilidade radical à relação, acompanhe o desvelar da situação hermenêutica do(a) paciente como possibilidade de desenrijecimento dos impositivos da tradição que por ele são acolhidos e que, portanto, determinam os seus modos de ser e de sofrer. Portanto, não uma clínica previamente postulada especificamente para as situações de luto, mas uma clínica que, nascendo das condições de emergência do encontro terapêutico, se desvele no caminho mesmo que dele emana.

Palavras-chave: amor; sofrimento existencial; experiência; fenomenologia hermenêutica; Heidegger.

Trabalho disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1563

 

 

 

 

TESES DE DOUTORADO

 

1ª. Turma Doutorado– 2009

 

  •  SHIRLEY MACEDO V. MELO

Título da Tese: A saga de Hefesto: hermenêutica colaborativa como possibilidade de ação humanista-fenomenológica em clínica do trabalho

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/842

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7611625574364052

 

  • WEDNA CRISTINA MARINHO GALINDO

Título da Tese: O dispositivo do aconselhamento na resposta a aids

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/855

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2261625023363852

 

  • ROSÁLIA ANDRADE CAVALCANTI

Título da tese: A questão do feminino na psicanálise freudiana e na literatura de Virginia Woolf.

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1010

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2750628747991133

 

 

2 ª. Turma Doutorado – 2010

 

  • ANA ELIZABETH LISBOA NOGUEIRA CAVALCANTI

Título da Tese: Intervenção Artística e Transtornos Psíquicos: Possibilidades de Diálogo

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/873

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0225779562778586

 

  •  MARIA DE FÁTIMA DOS SANTOS NEVES

Título da Tese: Um olhar clínico sobre o sofrimento no trabalho em contexto empresarial de fusão e incorporação

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/861

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8899682313103474

 

  •  RAFAEL AULER DE ALMEIDA PRADO

Título da Tese: A linguagem poética na clínica fenomenológica existencial

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/846

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9183860619167458

 

  • MARIA DE FÁTIMA FERRÃO CASTELO BRANCO CHAVES

Título da Tese: Violências escolares: falas de educadores

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/857

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6974846950771267

 

  • RICARDO DELGADO MARQUES DE LIMA

Título da Tese: A Experiência de Viver com HIV/Aids, Relações Afetivo- Sexuais e Adesão ao Tratamento

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/864

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5557774369060866

 

  • TACIANO VALÉRIO ALVES DA SILVA

Título da Tese: Quando a Pele faz a passagem: Roteiro Tese de um Filme

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/858

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3888370756685273

 

 

3 ª. Turma Doutorado – 2011

 

  • VIRGÍNIA CAVALCANTI PINTO

Título da Tese: Sexualidade na escola: discursos de alunos, mães e professores

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/868

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8606294842004126

 

  • JOSÉ ORLANDO CARNEIRO CAMPELLO RABELO

Título da Tese: Teias e tramas: performances, melancolia e violências em relacionamentos conjugais entre lésbicas

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/870

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3287898873915143

 

 

4 ª. Turma Doutorado – 2012

 

  • CELINA MARIA ARAGÃO XIMENES

Título da Tese: “Tirando os sapatos”: Uma supervisão clínica em psicologia como medita-ação de peregrinos

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9565174387003949

 

  • DANIELLE DE FATIMA DA CUNHA CAVALCANTI DE SIQUEIRA

Título da Tese: A prática psicológica com famílias: problematizando a prática no contexto de clínicas-escola

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0770157584873529

 

  • JORGE GOMES DA SILVA SOBRINHO

Título da Tese: A potência do afeto na clínica da gestão

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/876

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9199665237204995

 

  • MARIA JEANE DOS SANTOS ALVES

Título da Tese: Terapêutica popular: A cura pelas benzedeiras enquanto modo de cuidado

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/874

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6201104372127330

 

  •  MOEMA LUZIA BARROS DE MOURA

Título da Tese: Grupo terapêutico Projetos de Vida: contribuições no cotidiano de mulheres portadoras de transtornos mentais

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/875

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6301202215908685

 

  •  ROSANA DE FÁTIMA OLIVEIRA PEDROSA

Título da Tese: A experiência da dupla função de professor e gestor: um estudo em Instituições de Ensino Superior particulares no Recife -PE

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9250032350767001

 

  • WELLINGTON MARTINS DE LIRA

Título da Tese: O mito de Ares: Cartografia de um Processo de Terapia Comunitária com Agentes de Segurança Pública

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7287237884568623

 

 

5 ª. Turma Doutorado – 2013

 

  • ANA MARIA DE SANTANA

Título da Tese: Contribuições da Fenomenologia Existencial à Pratica Psicológica em Saúde

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0535411679998122

 

  • ANANDA KENNEY DA CUNHA NASCIMENTO

Título da Tese: Religiosidade, espiritualidade e psicoterapia na formação acadêmica do psicólogo

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8008851232229138

 

  • CLÁUDIA DA SILVA SANTOS

Título da Tese: Cartografia de um ambiente escolar com discentes do IFPE em uma abordagem sociodramática

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/932
Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/9609256874213369

 

  • SANDRA CARLA PEREIRA DE LIMA FRANÇA

Título da Tese: Educação e “interdisciplinaridade”: uma análise da inserção do/a assistente social e do/a psicólogo/a no espaço escolar

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1140

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3430884186467486

 

  • SUELY EMÍLIA DE BARROS SANTOS

Título da Tese: “Olha!… Arruação!?…” A Ação Clínica no viver cotidiano: conversação com a Fenomenologia Existencial

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9587785855933174

 

 

6 ª. Turma Doutorado – 2014

 

  •  DANIELLE DE ANDRADE PITANGA MELO

Título da Tese: Velhice, Adoecimento e morte: uma estilística da existência

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1046

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2025092197129605

 

  • ELLEN FERNANDA GOMES DA SILVA

Título da Tese: A ação clínica psicológica diante do desabrigo da angústia

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1089

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7619942630361889

 

  • GILCLÉCIA OLIVEIRA LOURENÇO

Título da Tese: Filhos/as de casais do mesmo sexo : como representam a si mesmo/as e a suas famílias

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/847

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5004478207090611

 

  • FERNANDA DE AZEVEDO LIMA

Título da Tese: Sujeitos com câncer de próstata: gênero, sexualidade e cuidados com a saúde

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1047

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1601075808545459

 

 

7ª. Turma Doutorado – 2015

 

  • BRUNO ROBSON DE BARROS CARVALHO

Título da Tese: Por uma Psicologia não-fascista para um mundo catastrófico: a experiência de profissionais de Psicologia face à LGBTfobia

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4091903533583111

 

  • MARGARIDA MARIA FLORÊNCIO DANTAS

Título da Tese: A experiência dos cuidados paliativos na perspectiva da equipe de saúde e de familiares de pacientes

Texto disponível: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1208

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5212304980078263

 

  • SEVERINO RAMOS LIMA DE SOUZA

Título da Tese: A visita domiciliar como uma das possibilidades de prática psicológica em instituições de assistência social

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1336

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1057236785474575

 

  • THÁLITA CAVALCANTI MENEZES DA SILVA

Título da Tese: CHAMA A PSICOLOGIA!: Problematizações Foucaultianas Sobre as Práticas de Governo e Cuidado-de-Si, no Hospital, e seus Efeitos

Texto disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1218

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8516235777951909

 

 

 

 

 

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *